segunda-feira, agosto 10, 2009

"As divinas comédias"; Solnado versus Nogueira


Não só por se assinalar a data da morte do actor/artista cómico Raul Solnado, faço aqui no burgo uma referência ao programa que ele e o também humorista, Bruno Nogueira, estavam a gravar, “As divinas comédias” – um retracto do humor em Portugal.

O programa pretendia fazer uma abordagem documental a um tema que está muito na moda no nosso país (sobretudo depois do programa “Levanta-te e ri”, que mesmo em termos etimológicos, ou ao nível da tradução faz uma tradução/adaptação muito geral da expressão inglesa “Stand-up comedy) que não estava ainda documentado no seu todo, em termos históricos, até académicos, se quiserem.


A RTP, que estava a preparar o lançamento deste documento único no nosso país (ele reúne e regista os último 50 anos de humor em Portugal), dispôs-se a trabalhar arduamente para colocar o programa no ar numa clara homenagem ao actor falecido.


Assinado pelas produções fictícias e pela produtora Até ao Fim do Mundo, mostra não só duas gerações distintas da comédia à portuguesa (neste caso, Solnado versus Nogueira), como traça vários aspectos do humor, indo desde o contexto histórico, ao depoimento dos intervenientes, dos “bonecos” mais conhecidos e seus bordões, ao impacto que causaram, cada qual no seu momento – há quem defenda, por exemplo, que a rábula do Ricardo Araújo Pereira (ou dos Gato Fedorento), onde “abonecava” a figura do Professor Marcelo Rebelo de Sousa e a sua intervenção na TVi a propósito do referendo sobre o aborto, pode mesmo ter tido tal impacto, a ponto de mudar opiniões sobre o assunto. Exagero? Nem tanto. Pelo menos olhando para o humor enquanto voz de reacção ao que está mal.


Raul Solnado terminou antes de falecer quatro programas sobre o humor em Portugal e, por exemplo, Nuno Markl (também ele ligado a este projecto) dedica-lhe o programa com o elogio de quem nunca desistiu e fez sempre aquilo que mais gostava com alegria e empenho. “Durante as gravações dos episódios mandou a doença à urtigas e deu o litro, quase como se tivesse a idade do Bruno (Nogueira)”, apontou Markl.

(in http://havidaem markl.blogs.sapo.pt)


Pelo meio, ainda será exibido na RTP1 um documentário, emitido anteriormente, em 2001, chamado “O estado de graça”. Trata-se de uma autobiografia, que mostra Raul Solnado na primeira pessoa, com narração do também já falecido Henrique Mendes.

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