terça-feira, setembro 14, 2010

"Grace", Jeff Buckley

Comprei há alguns dias "o" álbum do malogrado Jeff Buckley, falecido já há mais de 10 anos - "Grace" é o título do único trabalho de longa-duração editado ainda em vida. Do álbum todo, que tem grandes temas ("hallelujah", ou a primeira "Mojo Pin") destaco o segundo tema, "Grace", aquele que dá título ao álbum.

Grande voz e um artista com futuro muito promissor, carreira carregada de expectativa, mas que desapareceu muito cedo.

Em baixo, as três músicas mencionadas.

"Mojo Pin"


"Grace"


"Hallelujah"

Love and Other Disasters (2006)


Uma comédia romântica que pretende ser um cliché, uma sátira das comédias românticas, sem, no entanto, deixar de ser uma - recurso ao discurso dos personagens do tipo "se isto fosse um filme...".

Gostei de ver a Catherine Tate no papel da amiga "esquisita", uma actriz que descobri recentemente; aconselho este vídeo, para suscitar curiosidade:


Na verdade, e sobre o filme, acho que preferia que a história girasse em torno do amigo gay da protagonista, um personagem bem mais interessante, com as suas neuroses e pseudo-romances.

Filme de domingo à tarde.

The Accidental Husband (2008)



Sessão de cinema em casa - poucas expectativas para este filme, confirmadas durante e depois. O enredo é tão banal que nem dá para destacar nenhum actor, nem nenhum aspecto específico.

segunda-feira, setembro 13, 2010

O alucinante ritmo dos sonhos embalados

"Mesmer, Pt. 2", Porcupine Tree. A música que envolve estas palavras que sonhei:



Viajo. Mais uma viagem a bordo de qualquer coisa. Empurrei-te pela boca e deixei-me levar por todo o lado, nesta estranha viagem louca...

Caminho. Ando sem parar. Ninguém na rua.

Transpiro de loucura e desejo de evasão, desejo esse quase atingido em forma de cápsula de loucura embalada. Sorrio.

Escrevo pelas paredes da rua "Minha grande besta", como que a deixar uma marca de desafio a um destino, a um deus, a uma merda dessas.

"E o profundo desatino?!", grito bem fundo dentro de mim... arrepio-me, não sei se o meu corpo já assimilou a química suavidade de uma embalagem de sonhos - quero pensar que não, mas não sei, não dou por nada. Afundo-me numa vertigem de sonho, pesadelo, sonho, pesadelo, sonho...

Fumo um cigarro e outro e outro e outro, porque me ajuda a pensar nas coisas que se confundem na minha memória e na minha mente. Continuo a andar e acho que esta banda-sonora feita embalagem de uma suavidade e secura na boca, efeitos secundários, dizem, me diz coisas novas.

De repente, paro!... oiço o som do nada à minha volta - o universo que gira em torno de mim. Sabes onde estás? Na minha vida, que é onde existes para mim. Uma sombra projectada. És uma imagem.

E quem és tu? Tu és eu? Ou eu sou tu?

Continuo a caminhar.

A química que percorre o meu corpo diz-me que o movimento mais perfeito que alguma vez farei com o meu corpo é o natural sincronismo de respirar. Sorrio. Gosto de ver os meus pés, debaixo do meu nariz, a um ritmo maquinal, a adiantarem-se um ao outro, como se de uma corrida se tratasse.

Chego à porta de casa. Sento-me nas escadas, não me lembro bem porquê, mas possivelmente por querer fumar mais um cigarro antes de entrar. Lembro-me, ainda assim, de confundir-me com a necessidade de assimilar mais qualquer coisa em forma de absurdo. Pensei na minha morte e deitei mais combustível neste incêndio feito de sonhos misturados com pesadelos, esta viagem num tapete voador sem asas e esqueci tudo.

O resto só o sei contado pela minha sombra e pelo meu reflexo no espelho - a forma bruta como pintei as paredes do meu quarto de vermelho, a forma crua como parti tudo à minha volta.

No dia seguinte, acordei angustiado. A viagem deixou-me baralhado e cansado. Mas como todas mostrou-me sítios novos.

domingo, julho 18, 2010

O último grande anúncio que vi na TV

quinta-feira, julho 15, 2010

Alegres poesia e pintelhices - uma palavra linda do léxico português

Alfinetes e bicos , arestas agudas que picam. São dores de cabeça que correm no mesmo sítio que as designam - na minha cabeça. Não vomito, fico absorto num final de dia estúpido onde a única coisa que não correu bem fui eu.

Cerebro demoníaco que não se satisfaz com nada, que se desmancha e reinventa e cria e imagina e que se parte todo. Rebenta com isso, quebra, parte, desmancha, rapa isso e ignora, ignora tudo, ignora que aqui andas. Mas que grande merda, apetece-me dizer. Porquê? Eu sei lá porquê... Estou para aqui com azias e aflições e vou construindo um bom futuro... feliz com isso, como nunca estive.

Se calhar apanho aquela ideia da figura mais presente na minha vida como voz de uma consciência que visito naqueles dias da semana em que fica combinado - e ela ouve-me e disse-me uma vez que hei de descobrir tudo sozinho porque ali oiço-me. Eu sei, eu sei isso tudo, mas agora gostava que ela fosse capaz de me passar uma receita para qualquer coisa que me fizesse bem. Conclusão: diz que já caminhei muito desde o início e que sem pensar, estou a milhas daquele primeiro encontro, feito sessão de esclarecimento sobre uma mente muito confusa, inundada de drogas e substâncias que me trariam a felicidade. Tudo no lixo, foi o que lhes disse um dia. E a merda das dores de cabeça consumiam-me, na minha solidão perdida. Mas ultrapassei.

Até me rio desse período e sorrio com o que conquistei, à custa de teimosia, perseverança e tenacidade, se se quiser ver uma virtude. Teimoso e muito responsável, muito preocupado em fazer tudo bem - oiço isto, sinto que vou conquistando o meu espaço e caminho para um bom futuro. Sinto-me muito confiante. Encontrei um sítio onde pertenço, já expliquei - lá está, o primeiro grande tema daquelas sessões que vou referindo. Ausência do sentimento de pertença. Deixou de ser questão.

Mas falta-me alguma coisa. Um pedaço. Grande preenchimento de áreas nevrálgicas e um certo vazio que se vai manifestando a espaços, como uma pequena dor que vai latejando.

Já tenho a garrafa à minha frente e encho o meu copo de lamurias, na esperança de depois o encher de tristeza e ao terceiro ou quarto copo já o encher com um sorriso e ao quinto ou sexto o encher de alegria - mesmo que tudo não passe de uma alegre ilusão.

Não procuro respostas sequer. A patetice é tanta que me limito a despejar neste espaço que já nem sei para o que serve alguns apontamentos em formato elíptico ou críptico, hermético, ou se calhar mais para o fonético, que vou deixando passear diante dos olhos ou nos lábios, ou na boca, ou garganta... no fundo este calor que sorvo até sorrir sozinho, apenas porque sim, porque estou a desfrutar da minha companhia.

Primeiro brinde: acordei e acordo para lutar todos os dias naquele sítio óptimo. Viva!

Primeiro copo volvido, ignoro se continuarei a fazer sentido. Ainda aqui estou. Veremos.

Sinto que a partir do segundo será sempre a descer. Como tal, encerro esta descrição, não sem antes fazer uma última divagação, que tanto prazer me dá.

Garfo: uma palavra que me ocorre como se viesse num encadeado de ideias idiotas que não servem para nada. Fixo-me numa palavra banal para ser livre e descontinuado e desportivo e desmanchado e desleixado e despeitado. Brinco e brinco e brinco.... não chego a lado nenhum.

É o que eu tenho. É isto. É esta porcaria, é esta facilidade é esta forma de me expressar que alguns nem percebem outros vêem muita qualidade, outros nada, outros nada, outros tudo! Aqui está, aqui me deixo, aqui escrevo, essa coisa inata que carrego como se fosse uma necessidade reprimida, um acto descontinuado em permanente continuidade, uma oportunidade única de deixar de pensar - um teclado e um copo, um teclado e o vazio cheio de coisas confusas. Vivo uma vida que esconde esta parte, a escrita, esta coisa que lanço no vazio, que atiro para aqui já nem sei porquê. Porque é meu? É isso? Sei lá. Na maior parte das vezes nem meu é, que nem sei o que digo o que escrevo. Limito-me a deixar os dedos baterem nas teclas, à velocidade de pensamentos parvos - diria absurdos, se soubesse um pouco mais da nossa língua. Azedume. É para isso que a escrita me serve. Para purgar azedume. Para ninguém e para nada. Só para libertar azedume. Uma merda. Enfim.

Também o que eu queria era despejar e não sair daqui... terminemos a garrafa e o melhor é ir dormir.

segunda-feira, junho 28, 2010

Pisei-te

Heis o grande material de reflexão a que me remeto e que uso de tema em sessões de egocentrismo justificado - um espaço que todos devíamos ter, um espaço onde falamos e nos ouvimos; constroem-se figuras de barro que somos nós nos dias maus (porque o bom raras vezes é motivo de reflexão).

Pergunto e olho nos olhos a quem remeto questões e com quem me atrevo a fazer ironias, sobre esta estranha condição que demorei a reconhecer. E cá estou perante a minha marca d'água, aquilo que não consigo justificar e que tão simplesmente me faz perder muita coisa, mas que também me põe em jogos de conquista.

Aflijo-me. Não te tinha visto, ó estranha figura. Não te via em mim. Mas cá estás.

Perco-me ironicamente naquilo que faz ser alguma coisa boa. E distancio-me. Visto mais uma vez aquela estranha armadura que por vezes me apercebo já estar vestida. E nem daria por nada, porque não me vêem só. Vêem-me melhor e mais belo, mais forte e mais corajoso. Vêem-me!

Para o melhor e para o pior, seco por dentro. Assim sou, assim será. Não quero magoar mais ninguém.

Ergo esta taça, este copo e dou mais um trago, ardo por dentro e fito o horizonte. Sinto-me em tempo de guerra e não consigo separar as coisas. Estou em tempo de conquista e vou dar comigo a pisar quem me ama. Não é justo.

Fumo mais um cigarro e medito...

domingo, maio 23, 2010

"Trouble", Ray Lamontagne

Nada como estar entre amigos para se descobrir coisas interessantes.

Ficámos rendidos a este tema. É lindo. Lembro-me de dizer que tinha inveja.

Esta versão é muito especial, porque já vi interpretações com banda e esta continua a ser a que mais me cativa, talvez até porque o momento em que a ouvi (e se calhar na altura ninguém se apercebeu) foi muito especial. Para mim. Cantamos o refrão durante o resto da noite e nos dias que se seguiram. E que vão seguindo.

Gosto muito da letra e em baixo, para além do vídeo, coloco-a também - porque mesmo as mentes mais perturbadas encontram no seu caminho quem as salve. Think outside the box.



Trouble...
Trouble, trouble, trouble, trouble
Trouble been doggin' my soul since the day I was born
Worry...
Worry, worry, worry, worry
Worry just will not seem to leave my mind alone
We'll I've been...
saved by a woman
I've been...
saved by a woman
I've been...
saved by a woman
She won't let me go
She won't let me go now
She won't let me go
She won't let me go now

Trouble...
Oh, trouble, trouble, trouble, trouble
Feels like every time I get back on my feet
she come around and knock me down again
Worry...
Oh, worry, worry, worry, worry
Sometimes I swear it feels like this worry is my only friend
We'll I've been saved...
by a woman
I've been saved...
by a woman
I've been saved...
by a woman
She won't let me go
She won't let me go now
She won't let me go
She won't let me go now

Oh..., Ahhhh....
Ohhhh
She good to me now
She gave me love and affection
She good tell me now
She gave me love and affection
I Said I love her
Yes I love her
I said I love her
I said I love...
She good to me now
She's good to me
She's good to me

"I love you Phillip Morris"

Perguntei a alguém que já tinha ido ver este filme se era bom. Disseram-me que era estranho. Estranho é uma história de amor ser censurada por ser entre dois homens.

Embora seja uma comédia não adopta uma postura de chacota sobre assuntos mais sérios, adoptando antes uma visão cómica e humorística como pano de fundo a um romance entre duas PESSOAS.

Um homem comum que se transforma num vigarista e acaba preso. Polícia, homem de negócios, criminoso de colarinho branco, recluso, ele usa do seu engenho para chegar onde quer - à felicidade ao lado de quem gosta.

O filme é baseado numa história verídica, a vida de Steven Jay Russell, que terá de facto usado os esquemas descritos na longa-metragem para fugir da prisão várias vezes.

Acima de tudo, o filme surge numa altura muito pertinente, em que se discute a legalização do casamento homosexual.

Sem ser um grande filme, tem boas interpretações e consegue ter bastantes surpresas - sobretudo para quem não conhece a biografia de Steven Jay Russell, como era o meu caso.

"9"

Realizado por Shane Acker, "9" não é uma história muito original, do ponto de vista do argumento. Além de bater no conceito "Homem vs Máquina", faz-se representar por uma série de clichés típicos no cinema de e para as grandes massas.

Shane Acker chamou a atenção dos críticos cinematográficos com as suas imaginativas curtas-metragens de animação, nomeadamente "The Astouding Talents of Mr. Granade", de 2003 e "The hangnail", de 1999. Foi, no entanto, em "9" que Shane concretizou o seu potencial. Tim Burton viu isso mesmo e assim nasceu "9", a longa-metragem.

A história decorre num futuro não muito longínquo, onde o nosso planeta foi devastado por um conflito entre homens e máquinas. Umas pequenas criaturas que se assemelham a bonecos de serapilheira ganharam vida própria e, agora, tentam resistir às máquinas que tudo fazem para por fim à vida como a conhecemos.

Com uma forte componente visual, a história acaba por ser uma visão interessante destes cenários já vistos noutros filmes e histórias. Embora tenha ouvido o contrário e com sentido depreciativo, parece-me que não se desvirtuou muito a versão original, a da curta metragem.

Os personagens ganham voz (na primeira versão eles não falavam) e a personalidade é mais desenvolvida. E embora meio estereotipados, são credíveis. Os cenários são pormenorizados e conseguem exteriorizar engenhosamente a atmosfera sombria que acompanha constantemente a narrativa.

Não se tratando de uma animação da Pixar/Disney, ou da DreamWorks é bastante menos comercial, até porque não é aconselhável a crianças, visto ter algumas sequências mais violentas.

Em baixo as "curtas" "The Astouding Talents of Mr. Granade", "The hangnail" e "9", o trailer de "9" (a longa-metragem) e, para quem já se perguntou de quem é o tema que se ouve no trailer, a malha completa - dos Coheed and Cambria.









domingo, maio 16, 2010

Morreu Ronnie James Dio

Foi Ronnie James Dio, ex-vocalista dos Black Sabbath, quem celebrizou os dedos em chifre - uma marca que todos os metaleiros conhecem e que, verdade seja dita, nem todos se lembram quem inventou.

Por isso, hoje, há uma espécie de luto instalado nos corações dos fãs dessa forma de música, odiado ridicularizado por tanta gente. Dio morreu.

Mas o mundo do metal tem coisas muito boas. Para além da música (não toda, mas alguma), há nesta vertente um sentimento de união que não se encontra muito por estes dias. E se calhar são os últimos grandes fãs de música, porque um metaleiro não consome só as bandas da moda e são fieis seguidores das bandas de que gostam. Aliás, criticam muito o chamado "metaleiros de sofá", que no fundo é uma crítica a todos aqueles que se limitam a ouvir o que vão buscar à net e que não se deslocam aos concertos. Porque eles querem de facto apoiar as bandas que gostam ouvir.

Daí que de facto se pode falar em luto pela morte do actual vocalista dos Heaven & Hell, banda recentemente formada, que juntava membros dos Black Sabbath (com excepção de Ozzie Osbourne, que Dio viria a substituir no final dos anos 70). Os Heaven & Hell tinham actuação marcada no Optimus Alive!2010.

Nascido nos Estados Unidos, em Julho de '42, morreu aos 67 anos. Fez parte dos Elf, e dos Rainbow, antes de integrar os Sabbath. Formou mais tarde os Dio e regressou aos Black Sabbath em 1992.

quinta-feira, maio 06, 2010

"Desapareceu um carro dos bombeiros", Maj Sjowall, Per Wahloo

Policial bastante diferente do estilo a que me tenho habituado, em relação a este género.

Já estou mais habituado ao estilo inglês e belga (Maigret é francês, mas o autor é belga).

Menos ligado aos exercícios de lógica, esta história de autores suecos faz lembrar um qualquer thriller policial norte-americano; movimentado, com muita acção e tiroteios à mistura. E isto não é uma crítica.

A verdade é que, por não estar habituado a este estilo, eu já não sabia o que esperar do desenrolar da história e muito menos adivinhava o seu desfecho.

E, mais uma vez, sem querer levantar o véu em relação ao final, também este é comparável a um fim de um thriller norte-americano do cinema de Hollywood.

No final, apesar de não ter muita vontade de repetir a dose, o saldo é positivo.

"Laudamus Vita", Easyway

Uma vez, quando era adolescente, comecei a escrever uma história parecida, em estilo, com esta. Cheia de questões filosóficas - num ambiente negro, de contornos carregados.

Mas era adolescente, passou-me.

Em termos de história não achei nada de espectacular, embora não possa dizer que o filme é mau. Eu é que já não tenho paciência para estes pseudo-intelectualismos e, por isso, passo à frente.

Ainda assim, convenhamos, aquilo que se vê no filme é muito bem feito, mesmo em termos de argumento e , sobretudo, em termos de imagem. Uma vez que a história é muito narrada e vive muito das imagens que nos vão dando o seguimento da história, é preciso destacar a forma como isso é conseguido, muito bem conseguido.

De resto, banda-sonora da banda que produziu o filme, os Easyway.

E acho que esta iniciativa de música - álbum novo - mais filme deve ser muito bem recebida, porque mostra que em Portugal há artistas que trabalham e se esforçam por fazer mais do que gravar discos. Este projecto, de acordo com as explicações na apresentação do álbum e nos sites da banda, foi fruto de muito esforço e muito trabalho, porque partiu e desenvolveu-se no conceito Do it yourself - o que normalmente quer dizer que apoios houve "zero".

Por fim, nota de curiosidade: o protagonista da história, vim depois a saber, é ou foi colega de uma amiga minha, que se recorda de ele estar envolvido no projecto, de se encontrar a trabalhar nele.

Uma coisa é certa: o nome Easyway já não me é nada indiferente e, até, gostava de assistir ao lançamento oficial do novo álbum (+ filme) (...este lançamento na Fnac assinalou a colocação do trabalho à venda na cadeia de lojas Fnac), que vai envolver um concerto e projecção da dita longa-metragem.



quarta-feira, maio 05, 2010

Easyway, Fnac Chiado, 3 Maio

Na Fnac a apresentar o seu novo álbum e a longa-metragem "Laudamos Vita" - conceito inédito em Portugal, um pack que inclui o trabalho em audio, filme, making of e video-clip do primeiro single - "The viewer".

Atitude descontraída, de quem ainda se diverte muito a fazer o que gosta e que ainda sente o gosto especial de viver um sonho - sem deixar de ser fruto de muito trabalho e dedicação.

Confesso que antes da actuação não estava muito entusiasmado, mas a verdade é que depois de ouvir um pouquinho da música que tocam, esperei hora e meia para ver uma actuação de meia hora.

Embora sem uma sonoridade muito inovadora ou original, pareceu-me tudo muito bem executado e com uma identidade própria, nomeadamente pela voz, mito agradável e que dá então uma identidade muito própria à banda.

Conseguiram compor uma sala muito boa e criaram boa empatia com os presentes - aliás, para o último tema pediram que se levantassem todos e assim aconteceu, resposta maquinal e sem hesitação dos presentes.

No final da actuação, o tipo que estava à minha frente, olhou para mim e disse-me "Tá feito ou não tá?!"

"Então não está", pensei eu...

Uma das coisas que mais gosto nesta banda é o vocalista, que tem uma voz muito potente, com grande atitude. E já agora, porque não acrescentar: vi alguns vídeos da banda e o tipo era enorme (gordo, pronto...) e agora está com uma forma invejável. Muito bom para ele. É que a diferença é incrível.

Em baixo, um vídeo porreiro da banda...

"S. Frei Gil", Eça de Queirós

Um em três - em três contos do Eça de Queirós, este foi o mais apetecível.

Mais um livro que recomendo aos mais novos que queiram começar a ler alguma coisa de autores consagrados - e aos pais que tenham um bocadinho de vontade de se envolver na educação dos filhos e que não se queiram limitar a comprar livros da moda (sim de vampiros, essa recente praga).

História de aventura que anda muito próximo das histórias de capa e espada, não havendo no entanto, ao longo da história cenas muito declaradas de aventura ou acção.

De resto, pouco a acrescentar - a escrita sempre conseguida, cheia de descrições mas fluente do autor de "Os Maias".

Kandia, Fnac Chiado, 2 Maio

Oriundos do Porto, os Kandia vieram a Lisboa apresentar o seu trabalho de estreia, "Inward Beauty, Outward Reflection".

Numa toada rock, a banda nortenha faz uma grande aproximação ao metal mais melódico, embora se apresentem nas Fnacs do nosso país num formato unplugged, ou, na língua de Camões, formato acústico.
Apesar de tocarem nos lugares comuns deste estilo, mostram dominar bem estas ambiências o suficiente para apresentarem temas fortes e algo refrescantes - parecem ter a lição bem estudada.

A vocalista, que tem alguns trejeitos um pouco repetitivos, tem uma grande voz; secção rítmica muito boa, sobretudo o baixo, com umas linhas muito interessantes; das guitarras, gostei da transposição para o formato acústico por não se limitarem a ser isso, uma transposição. Riqueza de trabalho na guitarra acústica.

Banda interessante. A seguir.

A Jigsaw, Fnac Colombo, 1 Maio

Porque a noite era de saída e o tempo sobrava, fui ao local do costume para comer e munir-me do que precisava para seguir em direcção ao centro da cidade.

E um pouco por acaso, passei, talvez até por já ser um hábito enraizado, na Fnac do Colombo para tomar um café. E, como dizia, um pouco por acaso, apanhei a apresentação do álbum dos A Jigsaw, "Like the wolf - Uncut".

"Quarteto indie multi-instrumentista", avança a "Fnac Agenda"; bebem muito mais da Folk, do country e dos blues, e, atrevo-me a dizer, da escola de Nick Cave.

Depois de uma tourné europeia, onde viveram algumas peripécias que foram contando, como que ilustrando este pequeno concerto, a banda apresenta este novo trabalho, dois anos depois do lançamento do seu trabalho de estreia, "Letters from the Boatman".

Devo dizer que gostei bastante e recomendo a quem goste de folk e blues e mesmo a aqueles que gostam de ambientes pouco festivos, àqueles que sintam o prazer do escuro depressivo, sem perder, no entanto, o gosto pelas boas histórias.

Tim, Fnac Chiado, 30 Abril

A apresentar o álbum "Companheiros de aventura", o vocalista dos Xutos e Pontapés fez-se acompanhar por acordeão e guitarra eléctrica.

A solo, Tim tem uma voz agradável e quase parece saber cantar.

Sonoridade algo refrescante, na medida em que não se parece com nada muito evidente. Não soa àquele som típico dos artistas pop da nossa praça, ou aos habituais cantautores.

Tem, isso sim, um ligeiro travo, em alguns temas, a música country, que no nosso país é algo inédito. Não me parece que vá ouvir o disco, mas foi um simpático momento de música ao vivo.

terça-feira, maio 04, 2010

Samuel Úria, Fnac Chiado, 29 Abril

Samuel Úria apresentou-se na Fnac do Chiado, algum tempo depois dos Deolinda deixarem o palco - "Quero agradecer, antes de mais, aos Deolinda por terem aberto para nós. Os miúdos fazem-se", disse, com humor, um Úria algo tímido, mas divertido.

Efectivamente a banda mais divertida do fado nacional tinha enchido aquela Fnac de gente e, tal como eu, muita gente ficou para, duas horas depois, assistir à apresentação do homem de "Nem lhe tocava", o título do álbum mais recente do músico da FlorCaveira.

Aliás, a editora de Queluz não estava apenas representada por Samuel Úria, que se fazia acompanhar por alguns músicos, nomeadamente dois elementos dos Pontos Negros.

Com alguns temas fortes, a apresentação valeu muito pelo ambiente descontraído que Úria imprime nas suas conversas. Aliás, à imagem de Tiago Guillul, que por acaso vi actuar há uns anos na Fnac do Colombo, naquilo que se veio a transformar numa onda gigante de trabalhos assinados pela editora FlorCaveira.

Muito bom.

"Um contra o outro", Deolinda - do álbum "Dois selos e um carimbo"

Deolinda, Fnac Chiado, 29 Abril

Promoção do novo álbum, "Dois selos e um carimbo".

Quase uma hora antes da apresentação já o bar da Fnac estava cheio.
Ver os Deolinda ao vivo é um exercício de boa disposição; mesmos os testes de som são animados e com tanta gente a ver, fazem de tudo uma bela experiência. Pelos aplausos no fim de cada tema interpretado, mesmo que com apontamentos técnicos e conversas à mistura, quase parece que temos direito a assistir a duas actuações.

Os Deolinda parecem já ter uma máquina bem afinada e um espectáculo bem montado.

Já foi a quarta vez que os vi ao vivo e de resto a energia é sempre a mesma - animação, festa, boa disposição. E boa música, que a fama que já os precede não se deve só aos seus lindos olhos.

Segundo ouvi dizer, têm actuação prevista Mafra - pretendo lá ir.

Virgem Suta, Fnac Colombo, 29 Abril

A propósito da reedição do seu álbum de estreia, dois temas novos e um DVD com oito músicas ao vivo e também a propósito do "Dia do aderente", na Fnac, a banda portuguesa preparou uma pequena apresentação.

Confesso que tinha curiosidade para os ver ao vivo para ver se a imagem que tinha deles melhorava - não por falta de qualidade, mas porque realmente não me diziam nada.

Começada a música, ficam marcas muito interessantes.

Se aquilo que fui ouvindo na rádio não me dizia nada (em parte porque não gosto muito da voz), ao vivo soa tudo muito bem e a dupla é muito divertida, têm muito bom humor. A certa altura consegui esquecer todos os preconceitos que tinha com eles e gozar toda a riqueza que mostram ao vivo e com pouquíssimos recursos, mais não fosse por apenas duas pessoas tocarem vários instrumentos.

Gostei muito daquele bocadinho.

MusicBox Docs - Dealema - 28 Abril, Cinema S. Jorge

Depois do doc sobre o JP Simões parecia-me que qualquer documentário desta série da MusicBox (em parceria com o Indie Lisboa) seria de extremo interesse e, até, porque não, de extrema importância.

Mas não. Uma entrevista e a sua qualidade ainda se definem pela qualidade e interesse do convidado, por mais técnicas jornalísticas que se desenvolvam.

O discurso desta banda, os Dealema, que tem por base o Hip Hop, é o habitual neste tipo de bandas - elaboradas teorias sobre independência no que toca a tendências e fórmulas.

Como são do Porto, e desculpem se estou a ser tendencioso, têm também presente um discurso bairrista, como que justificando a sua postura independente por ser uma marca daquela cidade, demasiado "inteligente" para embarcar em comportamentos massificados, ou seguir modelos artificiais vindo, nomeadamente, da televisão.

O documentário, do ponto de vista técnico e toda a sua construção parece estar mais que conseguido; mas o tema da peça, esta banda, com um discurso tão centrado nestas ideias de grande postura independente acabam por ser cliché.

E não nego que eles até possam fazer as coisas de forma diferente, sem seguir alguma fórmula já existente - acho é pouco, num documentário de uma hora, uma banda limitar-se a dizer sempre o mesmo.

domingo, maio 02, 2010

Fernando Tordo, Fnac Chiado, 28 Abril

Com pouco tempo para ficar e ver a apresentação toda (ou pouco ou nada), aproveitei os momentos que antecederam o início.

Chegada das pessoas, o piano no seu sítio, as palavras de apreço pela vinda - sala da Fnac quase cheia antes da hora.

Já fixo nesta Fnac a rapariguinha de ar divertido que vai repetindo "desculpe, tenho que fechar a janela" - e assim o faz. Cria-se um cenário acolhedor.

Olho para trás e vejo o Fernando Tordo a beber uma garrafa de água, encostado ao balcão. Pergunto-me se para ele é só mais uma garrafa de água antes de uma actuação, ou se consegue distinguir esta das outras vezes que subiu a um palco.
Já falta pouco para ter que partir e pergunto-me quando começará a apresentação.

Já ouvimos testes de microfone e um pouco de piano, maravilhoso, suave, quase a musicar, por coincidência, claro está, o texto que tinha escrito esta tarde.

Olho de novo para o palco e reparo nalgumas moscas que dançam; uma, duas, três, quatro e mais duas, em volta umas das outras - e nas cadeiras, sentados, zum-zuns.

Apercebo-me que o pianista é o Pedro Duarte, conhecido por colaborar com o Herman José e começa a apresentação...e para mim acaba. Assim, drasticamente. Não tenho paciência para o estilo do Fernando Tordo e até percebo que tenha alguma qualidade, mas não me atrai.

E além do mais, aguardava-me, mais acima da cidade, uma sessão do Indie Lisboa. Parto.

"Contos que contam", Vários autores

Compilação de pequenos contos de vários autores, que escrevem em português.

Sem aparente fio condutor que ligue as várias histórias (embora nos seja dito no press-release que acompanha o livro que "é um livro de histórias humanas que espelha valores humanitários como a esperança, o altruísmo, a solidariedade e a entreajuda"), o livro parte de uma iniciativa do Centro Comercial Colombo, reverter para o IAC - Instituto de Apoio Á Criança. "Parte significativa do reço de capa destina-se a apoiar o Projecto Rua do IAC - Instituto de apoio à Criança", pode-se ler no prefácio.

Quanto às histórias, nada de muito espectacular. Algum destaque para o apontamento de José Eduardo Agualusa e o conto de José Luís Peixoto, os mais interessantes.

Ainda assim, na verdade, nada de muito interesse; vale sobretudo pela iniciativa, já que nem a publicação, a qualidade do livro, do objecto físico, ou os arranjos gráficos e ilustrações revelam grande qualidade.

Musicbox Docs, festival Indie Lisboa

Documentários sobre bandas portuguesas - esta primeira série (não sei se não vão surgir mais) incidiu sobre cinco bandas ou figuras ligadas à música, nomeadamente JP Simões, Micro Audio Waves, Terrakota, Dealema e X-Wife e surgem numa parceria entre o MusicBox e o Indie Lisboa.

As entrevistas foram conduzidas pelo jornalista Mário Lopes (que estava presente nas duas sessões que assisti) e os documentários foram realizados por Paulo Prazeres.

Recomendo vivamente o Doc sobre o JP que tive oportunidade de ver e, como mencionei aqui, foi muito bom, muito rico.

Agora a parte mesmo boa - quem não teve oportunidade de assistir às sessões no Cinema S. Jorge, onde foram exibidos estes cinco documentos, vai ter a oportunidade de os ver na RTP2, de 10 a 14 de Maio, às 00h30. É uma questão de estarem atentos à programação do canal para saberem melhor quais são os dias em que passa qual documentário.

sábado, maio 01, 2010

Workshop: o músico e a linguagem musical (com Mike Gaspar - Moonspell)

Tarde de muito calor e muito sol; ambiente estranho para uma sessão metaleira. No entanto, o espírito da sessão não era virado para o mosh-pit, nem para o head-banging. Tratava-se de um final de tarde descontraído, em amena cavaqueira, por assim dizer, momento de aprendizagem e troca de experiências.

O baterista de Moonspell acabou por desenvolver ideias e conceitos muito simples, mas que funcionam como dicas e ideias soltas que focaram não só o trabalho de bateria e seus aspectos técnicos, mas também noções que se aplicam ao som geral de uma banda.

Um aspecto em que insistiu muito foi a necessidade de ouvir os outros elementos da banda, dando por exemplo que se existe um momento em que há uma parte mais importante de voz, o baterista, neste caso ele, não se deve por a fazer grandes apontamentos de bateria, como sejam "breaks".

Pode parecer bem óbvio e ideias pouco elaboradas, mas são conceitos essenciais e que ajudam a definir a qualidade de uma banda e, mais importante, nem sempre são lembrados na hora de construi um projecto sólido.

Por fim, com um dos guitarristas seu companheiro de banda, nos Moonspell, interpretaram, com a ajuda de alguns samples, 3 temas da banda de metal portuguesa.

Muito bom.

MusicBox Docs - JP Simões (26 Abril, Cinema São Jorge)

Primeiro de uma série de documentários sobre bandas portuguesas, desenvolvidos pelo MusicBox em parceria com o Festival Indie Lisboa.

Entrevistas dirigidas pelo jornalista Mário Lopes e realizados por Paulo Prazeres.

JP Simões

Há uns anos atrás desloquei-me a Torres Novas, no caso às festas da cidade, para ver uma banda na qual tocava um tipo que, à data, tinha sido meu professor de música.

No entanto, depressa soubemos que não era essa banda que actuava nessa noite, antes os Belle Chase Hotel, de Coimbra. Nunca os tinha ouvido tocar, mas tinha algumas noções de quem eram.

Acabou por ser uma óptima noite de música e acabei por, mais tarde, ver uma das vocalistas da banda junta-se aos Wraygunn, projecto do também conimbricense Paulo Furtado.

Quanto a JP, o carismático vocalistas dos Belle Chase, soube-o no projecto Quinteto Tati e mais tarde a enveredar numa carreira a solo.
Embora sem conhecer bem o seu trabalho, sei-lhe as sonoridades, vindas da música brasileira, nomeadamente quase decalques de Chico Buarque - assunto nada tabu para JP, que assume essa influência.

Agora, confesso, sou mais fã da figura e das opiniões do escritor, compositor, cantor, do que propriamente da sua música. Gosto do seu sentido de humor e das suas opiniões sobre assuntos vários e, até, sobre banalidades.

Com tanta gente sem talento nem nada para dizer a escrever livros, pergunto-me: para quando um livro, JP?

Projecto Bug, Casa do Povo Mafra, madrugada de 25 Abril

Noite muito invulgar em Mafra - noite de Verão e um amontoado de juventude, pais e mães de família, crianças.

Casa do Povo, local insuspeito.

O Projecto Bug é um projecto musical e humorístico de bastante qualidade, como o único defeito de fazer lembrar de mais os Ena Pá 2000. Ambiente burlesco, surreal, desafiador.

Com 18 elementos em palco, nada menos, atiraram-se a clássicos com o "Big Spender", celebrizado por, entre outros, a banda inglesa Queen e o "Hit the road Jack", o tema mais cantado e esgotado pelos presentes no palco e pelo público presente - diria que entre 100, 150 pessoas, assistência muito razoável. Sobretudo, se considerarmos que a publicidade no caso desta banda é o boca-em-boca.

Como espectáculo de família, ou "para" famílias, houve o inevitável intervalo - 2h depois, nada de chocante, portanto. Oportunidade então para falar com um dos elementos da banda, um dos "teclas". Aproveitei para colocar algumas questões que o solícito músico prontamente esclareceu. Entre uma cerveja sorvida com a sede que a noite suscitava, confessou alguma satisfação com o projecto e o típico conformismo português no que respeita a dificuldades. O projecto já conta com 3 anos de existência, alguma estabilidade na formação e uma boa bagagem de concertos e actuações, essencialmente naquela região.

"Fora de portas", por assim dizer, têm uma actuação marcada para Lisboa, na zona de Alcântara numa, imagine-se, embarcação.

Regressados à sala, um discurso amargurado com essa data que parece ir-se perdendo no tempo, a dos cravos, pela pena e boca de uma figura que, aparentemente, será muito conhecida em Mafra, um professor, escritor, poeta. Embora um pouco utópico, arrepiou-me, ri e aplaudi no final - o homem mordeu e comeu o cravo que trazia na mão.

Subiu então um jovem, um João qualquer coisa, que, sozinho, de guitarra em punho, para mim, só convenceu quando pôs toda a gente a "cantar" o Sérgio Godinho.

E, foi nessa altura que vim cá para fora refrescar a garganta, enegrecer o pulmão e criar alguma riqueza na minha cabeça, conversando sobre música sem parar. Nas duas horas seguintes fui seguindo o alinhamento da banda, através do som que saía das janelas abertas da Casa do Povo de Mafra, parando por vezes a conversa para saudar um ou outro tema.

Feliz noite de festa e boa entrada no 25 de Abril.

Patrícia

Bom, uma palavra especial para uma das vozes em palco e uma das lead singers.
Além de linda de morrer e das suas longas e perfeitas pernas, reveladas pelo seu curtíssimo vestido, a rapariga tinha uma voz fora de série, incrível e cantava maravilhosamente.

No meio do público, um grupo gritava o seu nome. E eu, qual ovelha invertebrada, seguidista, confesso que fiz o mesmo...

http://projectobug.blogspot.com/

A Naifa, Fnac Chiado, 22 Abril

Sem oportunidade de assistir à actuação, detive-me no bar a admirar as movimentações que a precederam.

Não sei porque carga de água, mas delicio-me a ver a preparação do espectáculo, a montagem de todo o equipamento, as conversas, etc. Claro que esta riqueza de informação que assimilo com gosto é possível porque se trata de um pequeno palco e a proximidade é muito grande.

Ainda tive oportunidade de ouvir um pouco dos seus temas, enquanto iam fazendo som.

Gosto da sonoridade desta banda e é muito interessante vê-la reproduzida ao vivo.
Importante relembrar que desta banda fazia parte João Aguardela, falecido o ano passado. Com Sandra Baptista, não a ocupar o seu lugar, mas a dar continuidade ao seu trabalho, o projecto continua.

A não perder a oportunidade de os ver ao vivo numa qualquer sala de espectáculos.

"Outros belos contos de Natal", vários autores

Obra dedicada à quadra natalícia, reúne alguns textos de autores diferentes, sempre numa abordagem humorística - aliás, o facto de no título se falar em "outros" contos de natal não é de todo inocente.

Assim, pode-se dizer, temos uma série de disparates relacionados com o Natal.

As histórias mais rebuscadas serão, talvez, as assinadas por Bruno Nogueira e Manuel João Vieira, sobretudo este último que envereda pelo seu estilo absurdo e burlesco.
Talvez possa parecer desenquadrado para esta altura do ano, mas a verdade é que a nota dominante é o humor e isso é muito conseguido, agora ou no Domingo de Páscoa.

Fazer humor é quando um homem quer, se me é permitido o cliché.

"Boca do Inferno", Ricardo Araújo Pereira

Compilação de textos da crónica semanal que Ricardo Araújo Pereira (RAP) assina na Visão.

Observações jocosas da actualidade, interessantes e divertidas; à data da sua edição (e ainda mais agora) perdido no tempo na medida em que, remetendo para a actualidade, aborda assuntos que já se passaram.

Ainda assim, muito válido e com muito sentido de humor.

À conversa com Mão Morta, Fnac Chiado, 19 Abril

Apresentação do novo álbum da banda bracarense, "Pesadelos em peluche".

A base da conversa foi o lançamento e apresentação do álbum, mas tratou-se no fundo, de uma conversa informal, sobre este último trabalho, mas também sobre a carreira da banda.

Curiosa, a meu ver, a postura dos músicos em relação à música que fazem. Uma banda, ou talvez até mais um vocalista (Adolfo Luxúria Canibal), a que se associa uma tão vincada voz crítica, para depois revelar um tom muito moderado, mostrando-se descontraídos e com uma visão lúdica da arte que criam. Referem-se ao seu início de carreira, de iniciação musical, como a resposta a um tédio juvenil e, nos dias de hoje, mais velhos, resposta ou escape a um quotidiano rotineiro, de compromissos profissionais e responsabilidades.

Mesmo confrontados com uma certa subversão que se lê por parte da banda em relação um suposto "bafio" clerical que reinará em Braga, sua cidade natal, Adolfo Luxúria parece ser brando, dando, no entanto, "uma no cravo e outra na ferradura".

Não pude assistir à conversa toda, com pena minha, mas, em geral, prendeu-se com esta sonoridade mais directa, mais simples e mais em formato canção que o novo álbum manifesta.

quinta-feira, abril 29, 2010

"O nariz", Nikolai Gogol

Boa releitura de uma pequena obra que é um belo exercício do meu humor preferido, o "non-sense", o surreal, ou numa tradução literal do termo inglês, o "disparate".

Uma história que relata o estranho acordar de um homem que se vê sem nariz. Contar mais seria estragar o gozo de deixar o leitor ser surpreendido por estranhos acontecimentos.

Vale bem a pena.

"Adão e Eva no Paraíso", Eça de Queirós

O ponto forte de Eça de Queirós são as suas descrições riquíssimas, envolventes. Mas também a sua habilidade para a construção de personagens e a crítica mordaz, ironia e sarcasmo.

Sem enredo que se veja, "Adão e Eva no paraíso" parece um exercício de escrita, como se Eça procurasse desenvolver a sua estética descritiva.

Nem alusão à bíblia, nem sátira a Darwin, história quase infantil que acompanha Adão e Eva a descobrirem a natureza.

Num segundo capítulo, nova história. Título: "A Perfeição".

Ulisses longe da sua Ítaca, preso numa ilha de "perfeição". O mesmo registo da história anterior, mas mais enquadrado com a mitologia grega e um leve pendor filosófico, na medida em que Ulisses se recusa a viver em perfeição, num paraíso, sentido o apelo da fraqueza humana, do feio, do triste, do mau, como que apelando à noção do Ying/yang, a noção de que sem mal não há bem.

"Coca-cola Killer", Maestro Vitorino D'Almeida

Um talento para mim desconhecido do Maestro Vitorino de Almeida - a escrita.

Completamente surreal, veste esta forma de humor, que é a que mais aprecio e tanto mais faz sentido por ser a mão do Maestro a desenhar tão rebuscadas e inusitadas situações - porque é fácil associar este universo meio doido à alguma loucura que todos de uma maneira geral entendemos fazer parte de Vitorino.

O enredo gira em torno de um sujeito completamente movido pelos seus interesses pessoais, num período que vai do momento que antecede a revolução dos cravos e o pós-25 de Abril, sem deixar de misturar o personagem na revolta militar e popular, desenvolvendo, no entanto, um papel pouco claro.

Fazendo uma crítica de costumes, Vitorino D'Almeida levou um pouco mais longe a obra Queirosiana, actualizando-a, escrevendo numa linguagem menos formal e exagerando sempre o tom, transformando o humor mordaz de Eça em algo mais absurdo.

Existem, aliás, duas referências a Eça de Queirós - quando o autor coloca o protagonista a clamar por um Eça em cada esquina e, já no final da história, quase reproduzindo a cena do eléctrico que fecha os "Os Maias"; Carlos da Maia e João da Ega correndo atrás do "inglês", gritando, "ainda o apanhamos, ainda o apanhamos"...

Inusitado, mas repleto de boas descrições e cheio de humor.

"A sombra da Águia", Arturo Pérez-Reverte

Invasões napoleónicas; um grupo de espanhóis que, sob a bandeira de França e seu imperador, investe contra as tropas russas.

No entanto, não se trata de uma investida suicida, como aparenta ao imperador francês, e a todos quanto os observam. Tratava-se antes de uma tentativa desesperada de se render.

Mal interpretados por todos, incluindo pelos russos, este grupo de homens é considerado heróico porque acaba por aniquilar uma boa parte das tropas soviéticas e tem, de súbito, o apoio de uma força francesa que não se dispõe a ver este bravo pelotão ser arrasado...

Interessante escrita e muito divertido enredo, sobretudo porque podemos fazer um pequeno exercício, que é imaginar quantos episódios da nossa história não terão tido uma leitura de movimentação épica, quando por vezes o que moveu os intervenientes terão sido interesses bem mais simples e nem sempre tão nobres.

Digo-o frontalmente

Hoje dirijo-me a certa e determinada pessoa, para explicar claramente algumas questões essenciais a que não posso fugir de esclarecer.

Digo, sem rodeios, que há situações em que se aponta o dedo de forma nem sempre justa, mas, aludindo a determinados aspectos fundamentais, nomeadamente ao nível de âmbitos pouco claros e, até , obscuros, que, na practica, podem transformar-se em contratempos revestidos a ironia, quando nos encontramos sozinhos a teimar, qual D.Quixote virtuoso e cego, a ver trapalhadas associadas a, claro, moinhos de vento.

Penso que é óbvia a alusão neste fandango e exercício retórico, naquela discussão que tivemos, na que quiseste ter, quando quiseste que te olhasse nos olhos para me afirmares uma qualquer banalidade revestida de argumento - argumentos prendem-se com factos e estes, quando distorcidos, são aspectos que favorecem, se vistos do ponto de vista do cada um e do cada qual. Pergunto-me se percebes onde quero chegar...

E repara que jogo, e deixa que me ria ao dizer isto, de acordo com as regras que apresentas-te naquele momento em que disseste que ias dizer claramente isto, hoje, esqueceres, e amanhã dizer aquilo. Incongruente? Não, pá, és é manipulativo.

Mas a minha saúde não me permite este desafio, porque me desafiaste, mas já não luto por nada, senão pelo prazer de te vencer. E na primeira vez que jogamos venci, respondeste com argumentos nenhuns (sacudiste a água do capote); na segunda vez deixei-te triste, de tão vexado; e na última quis-te dizer que lutavas sozinho, que já tinhas perdido há muito. Ignorei-te, sem não deixar de responder a alguma coisa.

No fim, e até por ironia do destino, ficaste só, a debater assuntos importantes, para ti, com a tua sombra - que mostra as tuas garras de criatura fraca em espírito.

Uma pequena nuvem em dia de sol

Afectos, efectivamente, afecto-me, necessariamente.

Revelo traços de felizes alegrias e depois, nem mesmo num dia de sol, evito manifestar manifestações manifestamente desconcertadas.
Limpo os lábios húmidos, de um beijo ou do salivar raivoso e nervoso, sendo que, e postas as coisas em termos de termo, terminais, eu também termino... grito novamente, porque sinto-me um cretino.

Sento-me a ver palcos passarem e mudarem diante de mim, sozinho nesta sala cheia - imagem tipo de quem se vai abstraindo.
Nego à partida tudo o que desconheço e vejo a vida dos outros passar em rodapé.

E para não me perder mais em vãs considerações, pouso a caneta, arrumo o caderno, bocejo, levanto-me e vou viver mais um pouco.

terça-feira, abril 27, 2010

"A hesitação de Maigret"

É importante começar este texto por dizer que o inspector Maigret é o meu inspector preferido da literatura policial, não necessariamente pelo personagem, mas pela narrativa que o autor (Georges Simenon) desenvolve em sua volta.

Sinto-me sempre muito envolvido na história, graças às ricas descrições de Simenon, retratos da vida parisiense em tempos idos. As longas esperas que o inspector enfrenta são sempre coloridas por petiscos e bebidas que parecem animar a muito vulgar existência do inspector francês.

No entanto, este será o pior enredo ou melhor, o pior desenvolvimento, desenlace, desfecho, de uma trama desta colecção. Censuro portanto este final que para mim, que não direi mal resolvido, me parece pouco claro e sobretudo pouco interessante ou satisfatório.

A história gira em torno de uma família e da perspectiva de um crime que se concretiza... e mais não adianto.

quinta-feira, abril 22, 2010

"Eles falam, falam..."

"E digo-te já, sem querer ser de algum modo outra coisa que não aquilo que me determina, que, sem repisar o que acabaste de mencionar, nomeadamente certas questões menos óbvias, a verdade é que a frontalidade exige que eu afirme aqui categoricamente que em determinados níveis de convivência a verdade é para ser dita, sobretudo se avaliarmos alguns altos patamares relativos às amizades e, até, noutros relacionamentos de teores que não interessa estar aqui também a lembrar ou determinar. Porque a questão, no fundo, e sem me querer alongar, é que as coisas dizem-se ou não, de acordo com alguns aspectos fundamentais a estas avaliações, sendo determinante, não só o modo como se desenrolam os acontecimentos, mas também o contexto em que aconteceram. Penso que fui claro."

"Efectivamente gostaria de a ajudar, cara amiga, a supor de forma diferente, para que não pensasse que será como supõe ser, sem desacreditar que não seria dessa forma (senão a forma das coisas serem, aliás). No entanto, só o facto de assumir como será uma coisa que não é, que pode ser, mas não é, só torna todo o exercício de continuar a ser uma impossibilidade de vir a ser o que seja. Assim, compreenda, que há coisas que se limitam a ser, sem sentirmos que são, limitando-nos a vive-las."

(Trechos retirados de conversas no Facebook; no entanto, qualquer semelhança entre isto e uma conversa normal, é pura coincidência, uma vez que quem me ouvia não chegou a ficar totalmente esclarecida...)

"O Senhor Ventura", Miguel Torga

Percurso de vida de um homem do interior do país, do Portugal rural, que parte numa jornada de aventuras, pelo mundo.

É no Oriente que acaba por se ver envolvido em amores por uma mulher, com quem casa e tem um filho. Regressa a casa, ao seu Alentejo, e é aí que o autor se reencontra com o seu sentimento telúrico, com a ligação à terra e à natureza, neste caso específico, às suas raízes.

É isto.

Gosto da escrita do Torga, acessível mas cheia de significado, parecendo-me no entanto que nada daquilo que constrói seja memorável. Li o "Bichos" e depois de ler este fico com uma certa frustração por me parecer que tão boa escrita merecia personagens e um enredo mais marcante. Tenho dificuldade em recordar a narrativa, os factos e as personagens desse primeiro que li deste autor e desconfio que o mesmo se vai passar com este "Senhor Ventura", perdido e levado na corrente da memória.

Segundo apurei, este livro costuma ser negligenciado quando se enumera a obra do autor, porque, como é explicado pelo próprio no prefácio desta edição, "O senhor Ventura" foi escrito durante a adolescência de Miguel Torga.

E eu diria, até, que este livro é ideal para jovens a entrar em idade adolescente que gostem de ler, que gostem de ler aventuras, mas que também queiram iniciar-se na leitura de autores consagrados. É um excelente exercício.

segunda-feira, abril 19, 2010

Crocodile Rock

Hoje estou nostálgico, mas estranhamente feliz - e relembrei este tema que me lembro de ouvir quando era miúdo. Tem qualquer coisa de ingénuo, mas muito alegre.

Bem alto e sem preconceito de abanar a anca. O Verão há de vir e nem tudo é mau. O sol vai animar as coisas, muito vai acontecer e a noite é uma criança.

Em baixo do vídeo, a letra para cantar bem alto.

That's the spirit!




I remember when rock was young
Me and Suzie had so much fun
holding hands and skimming stones
Had an old gold Chevy and a place of my own
But the biggest kick I ever got
was doing a thing called the Crocodile Rock
While the other kids were Rocking Round the Clock
we were hopping and bopping to the Crocodile Rock
Well Crocodile Rocking is something shocking
when your feet just can't keep still
I never knew me a better time and I guess I never will
Oh Lawdy mama those Friday nights
when Suzie wore her dresses tight
and the Crocodile Rocking was out of sight
But the years went by and the rock just died
Suzie went and left us for some foreign guy
Long nights crying by the record machine
dreaming of my Chevy and my old blue jeans
But they'll never kill the thrills we've got
burning up to the Crocodile Rock
Learning fast as the weeks went past
we really thought the Crocodile Rock would last

domingo, abril 18, 2010

Kramer violento e racista...

Há uns anos atrás, Michael Richards, o divertido Cosmo Kramer da série Seinfeld teve um infeliz episódio num clube de comédia.

Já tinha ouvido falar nisto, mas nunca me tinha apercebido que havia imagens.

É difícil imaginar a simpática figura de Kramer envolvido em tão acesa discussão- é ver para crer.

"Hurt" - há dias merdosos

"I hurt myself today/ to see if I still feel/ I focus on the pain/ the only thing that's real"...




domingo, abril 11, 2010

Omiri, 5 de Abril, Fnac do Chiado

Envolveu alguma espera aparecer na Fnac do Chiado no dia 5, para aquilo que costumam ser pequenos concertos - até gosto mais de falar em "apresentações".

Omiri é um projecto sem rede, porque junta a música "analógica" (vamos ver se este termo pega, que não sei se existe...) com a música digital, com o uso das novas tecnologias.

Partindo das raízes tradicionais da música portuguesa, Vasco Ribeiro Casais (também envolvido nos Dazkarieh) faz um interessante jogo e cruzamento de tendências e sonoridades, nomeadamente as já referidas raízes da cultura portuguesa mais a norte, mas também com a energia rock, às vezes quase "metálica" e a estética electrónica. Um caldeirão que, lá está, ferve bem alto e sem rede, sendo esta componente digital explorada o mais possível em "live act" - nada de sequências pré-gravadas e "disparadas" em palco. Portanto, usando um pedal para gravar e lançar "loops", sequências instrumentais, foi tudo gravado à frente do público. Bom, salvo, claro está, a base rítmica, trabalho quase de laboratório da música electrónica.

Uso de instrumentos tradicionais, algo transformados e processados digitalmente, e projecção de vídeo, trabalho do outro membro do duo, Tiago Pereira (responsável pelo Vídeo-jocking, conceito cuja projecção e preponderância desconheço no panorama actual).

A espera, dizia eu no início, é que tal era a parafernália electrónica que era quase impossível que tudo funcionasse em tão curto espaço de tempo. Era impossível montar tudo e acertar à primeira - muito pedal, muito cabo espalhado naquele chão...

Mas verdade seja dita, que na primeira vez que arrancaram com a actuação tiveram o contratempo de falhar o som de um instrumento e resolveram mesmo parar a apresentação e recomeçar tudo e foram aplaudidos, sinal de uma compreensão por parte do público presente, que já tinha aguardado bastante. Mesmo tendo em conta que era gratuito, foi simpático ver a boa vontade de quem lá estava.

E bem que valeu a pena esperar.

Pessoal à(s) direita(s)...

Caraças, que o bar era giro e simpático - mas se há coisa que não chupo é esta malta nova que ainda nos está a apertar a mão e já estão a dizer que gostam é de política. Invariavelmente são da JSD e têm aversão a estrangeiros, outras raças e conseguem encaixar sempre na conversa a falta de patriotismo dos outros.

Fiquei com ideia que o objectivo da conversa era impressionar a minha companhia, feminina por sinal, e que era quem o conhecia. Ela apresentou-mo e eu juro que nem tencionava encetar conversa, mas o meu esquerdismo envolveu-me de tal forma em debate que me esqueci da pobre rapariga que me acompanhava e assistia à conversa.

A conversa começou mal porque o rapaz lembrou-se de dizer que já tem recusado empregos de 500 e 600 euros porque prefere estar a fazer trabalho social a ser mal pago...

- disse-lhe que se ele recusava era porque podia (quando não se tem falta de dinheiro é fácil recusar trabalho).
- o rapaz está a trabalhar na Junta de Freguesia a "desenvolver projectos"; claro que lá está porque o tio é o presidente da mesma Junta...
- e por fim, quando lhe perguntei afinal em que projectos está inserido, já que se diz envolvido em projectos voltados para o social, para a sociedade, envolvido com o povo, respondeu-me que organiza corridas de automóveis clássicos. Admitiu a determinado momento, mostrando até um certo orgulho nisso, que é uma organização voltada para uma elite. Ora aí está, trabalho com o povo na sua máxima expressão.

Depois debatemo-nos, argumentámos e fiquei com a ideia que afinal os seus ideais de direita estavam pouco solidificados na cabeça do pobre rapaz, que acabou por ceder às minhas opiniões.

E nunca vi ninguém usar tanto e tão mal empregue, o termo "assertivo".

Até está a construir um percurso interessante, é da área do Turismo. Agora não me venha falar em necessidades do povo e tentar incutir a ideia bárbara que temos que fechar as fronteiras aos estrangeiros. Temos, isso sim, que estreitar a entrada dos mesmos, no sentido de os encaixar na nossa sociedade, evitando a imigração ilegal e a criação de guetos. Há sempre a ideia primária que os problemas se resolvem com as proibições e a criação de novas leis, quando bastava fazer cumprir as actuais.

É caso para pedir desculpa aos leitores, mas é que não houve cerveja naquele bar que me fizesse achar graça ao discurso do meu amigo social democrata.

A título de curiosidade, o bar chamava-se Xentra, que segundo conta a lenda, seria o nome que os Mouros davam a Sintra.

A cerveja é cara e pode-se fumar - o normal, portanto.

sábado, abril 10, 2010

Enday, 2 de Abril, Fnac Vasco da Gama

Sexta-feira, 2 de Abril, feriado.

Jantar e café marcado com amigos, passagem pela Fnac do Vasco da Gama para assistir ao concerto dos Enday.

Segundo informação disponibilizada pela Fnac, a banda foi formada em 2002 e a mesma apresenta-se como um grupo de 5 amigos de longa data. A banda, com raízes em Cascais, está a preparar o lançamento do seu álbum de estreia, intitulado "Green Smoke", com uma série de concertos acústicos apresentados nas Fnacs de norte a sul do país.

"Em acordo (...) com a CÁRITAS, os Cd's vendidos na Fnac revertem para angariar fundos para contribuir para a reconstrução da vida das familias da Madeira".

A iniciativa é boa e a atitude mostrada em palco também era muito boa, com o vocalista a mostrar uma grande aptidão para lidar com o público, sempre com boa disposição.

No entanto, o som geral da banda, que não era nada mau, era algo vulgar e batia em todos os clichès das bandas modernas com desejos indie e um pezinho nas novelas dos Morangos com Açúcar.

Gostei de um dos guitarristas (muito seguro e disponível para todos os riffs, muito dinâmico), embora tivesse ainda no dia anterior confessado a um amigo que já estou farto do som das guitarras acústicas com cordas de aço, preferindo a viola acústica com cordas de nylon, aquilo que aliás se houve mais pelo nosso país a um nível mais amador, ou em sons com raízes mais étnicas.

De resto, à excepção do vocalista (garra a cantar e grande atitude), não gostei muito.

No final do concerto, houve direito a conversa com o manager da banda, da qual fixei ele dizer que nada neste país funcionava ao nível dos contactos gerais - é preciso factor C, é preciso chegar aos contactos directos com os "actores" e intervenientes, agentes decisores e isso passa por uma grande rede de conhecimentos. Nada que não se saiba já, mas é sempre interessante ouvir outras pessoas falarem abertamente nestas coisas.

Recital piano Jazz, Kirk Lightsey, 3 Abril, Malaposta

Foi já em cima das 21h30 da noite do dia 3 de Abril que cheguei à Malaposta - para quem não está a situar, é só procurar no diagrama da rede do Metro de Lisboa a estação do Sr. Roubado. Era a hora apontada para o início do espectáculo, mas concluímos (eu e a minha companhia), que havia um atraso; havia pouca gente com bilhete comprado e aguardava-se que mais pessoas chegassem para o recital.

Agora, depois de me sentar no meu lugar, depressa concluí que já tinha visto uma súmula do que seria o concerto, que começou com Kirk Lightsey sozinho em palco, mas continuou com Maria Viana na voz e terminou com um momento de improviso, totalmente previsto, de uma cantora norte-americana a acompanhar a cantora portuguesa na voz.

Ou seja, aquilo que se passou na apresentação da Fnac, agora em formato long-play, por assim dizer.

Os mesmos temas e mais alguns, o mesmo sentido de humor, piadas à fraca assistência presente na sala, a mesma forma corajosa com que Maria Viana se lança aos temas numa aparente improvisação de alinhamento e sobretudo a forma calorosa como a intérprete se relaciona com a audiência.

Senti o mesmo interesse e a mesma frescura cultural de uma espécie de cruzamento entre a intelectualidade e o popular, como se de certa forma se desmistifica-se um estilo tão associado às elites.

De resto, não me ocorre acrescentar mais àquilo que já tinha sido a actuação na Fnac do Colombo, senão decalcar um pouco a informação disponibilizada nas plataformas institucionais sobre o pianista norte-americano, que apesar de tudo era quem figurava no cartaz.

Kirk Lightsey

Nasceu em Detroid em Fevereiro de '37, começou os estudos com Johnston Flanagan, estudando depois também com Glady's Wade Dillard.

Foi na Cass Technical High School que Kirk conheceu o Jazz e aos 18 anos optou por tornar-se profissional.

Obrigado a cumprir recruta, regressou a Detroid e continuou a sua carreira musical - tocou para a Motown e ainda conseguiu estudar a vertente mais clássica do piano com Boris Maximovich.

Essencialmente, Kirk Lghtsey define-se como um pianista "de Detroid incorporando a iluminação de Bud Powell, o estilo de Art Tatum e um sentimento bebop".

quarta-feira, abril 07, 2010

Maria Viana, 31 de Março, Fnac Colombo

Quando celebra 30 anos de carreira a cantar Jazz, Maria Viana vê-se à boleia (sem sentido pejorativo!) de algumas coincidências.

O lançamento de um livro que se faz acompanhar de um cd sai para o mercado, com destaque na Fnac. Ilustração a cargo de Xico Fran, artista plástico, textos de Barros Barroso, Duarte Mendonça, João Moreira dos Santos e José Duarte.

Motivo de forte interesse: o livro não se limita a retratar o percurso de uma jovem Maria Viana, porque consegue ser também um documento histórico, ao esboçar o cenário do Jazz no nosso país durante a década de 70, período em que o "pai do jazz", Luís Vilas-Boas, se envolveu na criação da "prima" escola do estilo em Portugal, o Hot Club, e na apresentação de espectáculos ao vivo nomeadamente ao abrigo do Festival de Jazz de Cascais.

Apesar de se tratar de uma apresentação musical ao vivo, não é demais estar aqui a falar no livro porque este foi o motivo para a mesma e tomou parte considerável do tempo em que estive presente na sala de espectáculos da Fnac do Colombo, que envolveu a conversa chata de editor, mas teve também o apelativo discurso descomplexado e apostado desmontar todos os preconceitos que se encontram no mundo da música, nomeadamente no Jazz, por parte da cantora, figura interessante e desconcertante.

Entretanto, ainda explicando as coincidências, a Fnac associa-se a João Moreira dos Santos, na criação de uma rubrica dedicada ao Jazz - concertos, workshops, palestras, apresentações, etc.

Por fim, Kirk Lightsey, histórico pianista, encontrava-se em Portugal numa tourné em nome próprio. Foi ele quem acompanhou a cantora, na interpretação de 4 temas, para deleite de todos presentes.

O melhor estava reservado para o fim - Maria Viana desafiou todos a acompanha-la num tema e do meio da plateia surgiu uma voz perfeita. Será qualquer coisa como Kate Tate o nome desta sua "colega de profissão", assim foi apresentada, sobre quem não encontro nada na internet, mas que é uma vocalista de firme timbre, presença, consciência. Perfeita. Mais um bocadinho e até nos esquecíamos que o espectáculo era da portuguesa.




Para quem não sabe, Maria Viana participou, antes de iniciar uma distinta carreira no Jazz, numa das primeiras girls-bands em Portugal, durante a febre dos Abba, as Cocktail - eram estas Maria Viana, Rita Ribeiro e a cantora mais tarde conhecida como Ágata.

Éder, 26 de Março, Fnac do Colombo

A determinado momento, seja em que sítio for e independentemente da cultura em que esteja inserido, houve e haverá sempre alguém que se lembra de pegar na guitarra acústica, ou num semelhante, e começar a tocar e cantar para quem o queira ouvir.

Neste caso, é em crioulo de Cabo-verde que este Éder se expressa neste trabalho de estreia, o seu primeiro álbum, a solo, intitulado "Perfil" - possivelmente um clichè entre tantos, que se encontram nestes cantautores.

Baladas românticas, slow soul, música pop, tudo na sua língua materna - tudo terreno já batido e nada de original.

Salvou-se o bom ambiente que a certo ponto se instalou, quando o artista resolveu que teria a plateia, que se compôs com a chegada de rostos familiares a Éder, a cantar com ele os refrões nessa língua tão falada no nosso país, mas que é estranha a quase todos nós.

Foi uma boa solução para um final de tarde descontraído - pouca originalidade, muito valor, trabalho honesto. Sem mais pretensões. E o preço foi apetecível.

De volta

O escriba voltou a ter net. Já diz a publicidade que, podia viver sem net, mas não era a mesma coisa.

Stay tuned...

sábado, fevereiro 27, 2010

"Separados de fresco"

Já gastei a minha paciência toda para este tipo de filmes. Mas quando as condições climatéricas nos sugerem que fiquemos em casa, há tendência para papar qualquer coisa que dê na televisão. E sim, eu tenho um leitor de DVD's e bons filmes por ver; mas às vezes a preguiça faz-me retroceder aos tempos em que aguardava que um filme passasse na TV, e deixo-me acomodar ao que aparecer.

Depois arrependo-me ou pergunto-me que ideia foi esta.

A verdade é que eu queria ver um filme, qualquer coisa que aparecesse-se na "pantalha", como lhe chama o meu pai, mas terminei a fazer outras coisas enquanto via este "Separados de fresco" e acabei mesmo por nem ver o final.

Agora, sobre o filme, vou tentar extrair qualquer coisa e transpor para palavras.

Na qualidade de fã da série norte-americana "Friends", fico sempre com um pouquinho de curiosidade em saber o que andam a fazer os protagonistas que nela figuraram, mas a verdade é que não me lembro de ver alguma coisa que me trouxesse interesse.

Neste caso, é Jennifer Aniston que protagoniza, ao lado de Vince Vaughn, uma comédia dita romântica, mas que acaba por não o ser. Porque, como se escreve nalgumas páginas de internet, "esta história começa onde a maioria acaba" - a parte sempre mal explicada do "e viveram felizes para sempre". Ou, como também li, "o momento em que cada um começa a dar com o outro em doido".

O filme gira, então, em torno do conturbado relacionamento entre o casal, que recusa continuar junto, mas cujas partes não pretendem sair do apartamento que dividem concretizando a separação. Assim, fazem a vida negra um ao outro, como se de uma guerra se tratasse.

E acho que está tudo dito. As interpretações não são brilhantes (como não costumam ser nestes enredos), não há de facto comédia nisto tudo, apenas alguns gags melhor escritos, e inúmeras situações inusitadas.

Se podia ter evitado ver esta história insípida? Podia. Mas também não poderia discorrer sobre este filme específico, nem lembrar-me que já não tenho pachorra para estes filmes parvos.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Blog em remodelação

O blog está a ser alvo de algumas remodelações, na esperança de tornar a sua imagem um pouco mais apelativa.

Espero concluir em breve. Pelo menos as mudanças mais drásticas, porque por aqui tenta-se apresentar alguma coisa nova.

Em todo o caso, espero continuar a ter leitores a seguirem as minhas linhas, mesmo que sejam poucos. Mas bons.

sábado, fevereiro 20, 2010

The xx

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Old Dogs

As comédias familiares, os chamados filmes de domingo à tarde, são sempre produtos para consumir e mandar fora, sem que nada de bom ou mau venha ao mundo. Umas piores, outras melhores (The hangover foi dos melhores filmes do género que vi), a verdade é que tão depressa se vêem como se esquecem.

Neste filme, encontramos dois actores de prestígio, mas cujas carreiras já conheceram melhores dias. John Travolta e Robin Williams interpretam dois amigos de longa data, que andam às voltas com um importante negócio para as suas carreiras. O último depara-se com a notícia de que é pai de duas crianças já crescidas e vê-se na necessidade de tomar conta delas. O resto é a cartilha das comédias do género.

O filme é realizado por Walt Becker e tem o selo Disney.

A verdade é que a gigante do cinema de animação assina bons filmes animados, mas de uma maneira geral produz filmes de imagem real pouco significativos em termos artísticos. Serve para o público infantil, que se pode dizer o seu "target", mas acho que nesta história sai um pouco fora disto, uma vez que os protagonistas são dois homens em crise de meia idade - assunto pouco relacionado com crianças e que lhes dirá muito pouco.

Mas a Disney diz que é diversão para a família e vamos acreditar que sim, que num domingo à tarde, este filme encaixe num qualquer canal generalista.

Wild Hogs

Acrescentar ainda, que o realizador americano já tinha dirigido John Travolta numa outra comédia insípida, em 2007, chamada Wild Hogs - uma história que retratava um grupo de homens de meia idade, em crise, que se lançaram à estrada montados em motas, atravessando uma série de aventuras. Parece que as crises de meia idade são, de acordo com Becker, bom tema para comédias.

Sherlock Holmes

"Elementar, meu caro Watson", terá pensado Guy Ritchie quando pegou no clássico de Artur Conan Doyle - o regresso de Sherlock Holmes implicava uma revisão de estilo. Significava adoptar uma visão mais moderna do investigador mais famoso do mundo.

Alvo de inúmeras adaptações para o cinema e televisão, nunca os personagens foram tão recriados ou transformados. O que implicava um grande risco. Era muito fácil acusar-se a produção de adulterar os dois investigadores, sobretudo a personagem de Sherlock, que deixa de lado a figura sóbria e composta (ainda que excêntrica), para passar a ter um perfil mais boémio e mundano.

Assim, Guy Ritchie realiza um filme de aventura, com bastante acção e não apenas de investigação.

A dupla de actores funciona muito bem (aliás, tem sido o maior trunfo junto da crítica), com Downney Jr. a representar um Holmes muito relaxado e popular entre as mulheres e Jude Law, um Watson inteligente e sensato.

A intriga é boa quanto baste e gostei muito da fotografia - tem uma imagem que alimenta muito bem um ambiente mais sinistro e escuro que beneficia o filme, já que acaba por lhe dar um ar mais sério. Trata-se de um filme que se pretende para as massas, que pretende ser um blockbuster e que pretende ser um filme simples de aventura para entreter. A fotografia crua e sinistra faz o equilíbrio entre entretenimento e seriedade.

Sequela

A história termina em aberto, ficando espaço para uma sequela. Depois dos riscos que correram com as alterações de imagem de Sherlock Holmes, é natural que houvesse a ambição de fazer uma série de filmes, aproveitando a figura revitalizada do detective inglês. O risco era grande, mas ficava a possibilidade de continuar um trabalho arrojado.

Fazendo um balanço pessoal, acho que a continuação vai surgir naturalmente, até porque, como já disse, a dupla que protagoniza o filme funciona muito bem e parece que isso é meio caminho andado para que o público sinta necessidade de saber em que aventuras andam metidos.

The Temper Trap - Sweet Disposition

Para aqueles dias de chuva, que entramos no carro e ficamos fascinados pela água que cai no vidro, mesmo que contrariados pelos contratempos que gera.

Não é a música da minha vida, mas carrega uma boa dose de magia - daquilo que é feita a música.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

"The Box"

Sabendo que custaria uma vida, de alguém que lhe é desconhecido, e que lucraria um milhão de dólares, perante um enorme botão que confirma decisão, pergunta-se: carrega no botão e lucra, ou poupa a vida de um estranho?

A história deste filme desenrola-se durante os anos 70, em plena corrida nuclear. "The Box" segue um casal que é confrontado com um estranho que lhe oferece uma caixa muito peculiar - se carregarem num botão, há uma pessoa qualquer no mundo que morre, mas eles receberão um milhão de dólares.

O filme, de 2009, é realizado por Richard Kelly, nome marcado por "Donnie Darko", um filme com o mesmo espírito alternativo, mas de que, por sinal, não gostei.

Mas gostei deste. Possivelmente uma homenagem às fitas dos anos 70 e aos filmes de ficção científica dessa altura. Aliás, no desenrolar da história, comecei a notar semelhanças com alguns episódios da clássica série "The Twilight Zone", que explorava dilemas humanos em ambiências sci-fi, thriller, horror, suspense. Curioso foi, após uma pequena investigação, concluir que durante a temporada dos anos 80 da série norte-americana a historia foi adaptada para um episódio.

Depois de ver Avatar, gostei de ser surpreendido com um conceito inverso ao do filme de James Cameron. Se em Avatar parecia que a história servia de pretexto aos efeitos especiais, aqui a intriga é servida por excelentes efeitos, que nunca causam sensação de espanto, mas completam esta visão do fantástico com nota muito positiva.

"Button, Button"

"The Box" baseia-se num conto de Richard Matheson, um autor e argumentista norte-americano. Inicialmente publicado na Playboy, em 1970, o conto foi mais tarde republicado como parte de uma colecção de contos do autor.

Em "Button, Button" o desfecho é diferente, com a esposa a carregar no botão, a receber o dinheiro, mas com o custo da morte do seu marido - o homem morre num acidente de comboio. A mulher, inconformada, pergunta ao estranho que lhe entrega o dinheiro porque é que o marido morreu, já que o acordo era morrer alguém que não conhecesse. "Acha que conhecia realmente o seu marido?", responde o estranho.
Porque o final foi modificado para o episódio da série "The Twilight Zone", Matheson desaprovou a adaptação do conto para a TV.

Colaboração noutro blog

A partir de agora colaboro num outro blog, o http://lesoundcheck.blogspot.com/.

Essencialmente virado para a música mais alternativa, é uma interessante colaboração, quanto mais não seja porque terá à partida um maior número de leitores. Continuarei por aqui, a postar tanto quanto possível, mas abraço também este interessante desafio. O desafio de me dividir em dois blogs e de criar uma linha de ideias mais direccionada para leitores habituados a um determinado estilo.