quinta-feira, julho 21, 2011

"Spider-Man - The Dragon's challenge"

Existe hoje em dia uma grande oferta de adaptações de BD e Comics ao cinema. Existe inclusivamente a ideia de que é uma área só agora e recentemente explorada.

Mas na verdade, há muitos, muitos anos que se tenta de forma melhor ou pior, mais ou menos conseguida, transpor esse mundo de fantasia para o grande e pequeno ecrã.
Capa VHS '81

Nos finais do anos '70 surgiu este "Spider-Man - The Dragon's Challenge", que é no fundo a pós-edição e transformação em longa-metragem de dois episódios da série de TV que datava dessa mesma altura, "The Amazing Spider-Man". A série era protagonizada por Nicholas Hammond, que é ainda hoje considerado por alguns um dos melhores Homem-Aranha/Peter Parker de sempre, havendo inclusivamente alguma especulação sobre se terá sido inspiração para o Peter Parker da série de animação que surgiu nos anos 90 sobre o mesmo super-herói.

Na versão original, esta longa-metragem estava, então, dividida em dois episódios chamados "The Chinese Web", parte um e dois, de 1978, mas foi posteriormente transformada num tele-filme, depois da série ter terminado em 1979.

Ao contrário do que pensei, a série não terminou devido a baixas audiências, mas porque era muito dispendiosa e talvez assim também se explique os poucos episódios e a duração dos mesmos (rondavam sempre os 60 minutos).

Relativamente ao interesse que pode existir em ver um filme do género de 1978, prende-se sobretudo com a curiosidade e com o interesse pelo género.


O protagonista desempenha efectivamente um bom Peter Parker, atribuído à história um lado de investigação policial, muito presente nas versões originais das aventuras do Homem-Aranha e mesmo em termos de fisionomia, é credível.

Existe um grande esforço para vermos o super-herói em acção, não faltando as escaladas de arranha-céus (que embora ingénuas, são bem mais interessantes do que alguns efeitos do género noutros filmes semelhantes). As cenas de luta variam entre o bom e o constrangedor, e a solução encontrada para as suas "poderosas" teias é pobre, parecendo mais uma rede de caça e parecendo as suas "vítimas" pequenos animais confusos, depois de enredados nas mesmas.

O argumento mostra-nos momentos com um ritmo bastante aceitável, mas também revela diálogos muito infantis.

No final, fica satisfeita a curiosidade, pretendo ver a série completa, se conseguir, já que nenhum deste material está disponível em DVD - foram editados em VHS e é possível encontrar algumas coisas na net.

(fotografia "emprestada" do espaço imdb)

Andarilhos, Fnac Chiado, 17 de Julho



Andarilhos

Inês Igrejas
A visita à Fnac do Chiado devia-se à necessidade de um sítio simpático para conversar um pouco, mas a esperança de encontrar música era alguma, para não dizer muita.

 Felizmente, quando o relógio marcava cerca das 16h30, ficámos a saber que daí a pouco os Andarilhos subiriam ao palco para nos alegrar com a sua interpretação da música de cariz tradicional portuguesa.

Nascidos em Baião, como fizeram questão de frisar várias vezes, o grupo desenvolve um som muito interessante, com toda a legitimidade da cultura popular, mas com alguns traços mais modernos.

Grande entrega por parte dos músicos que nos mostravam fazer o que fazem por gosto e era impossível não ser contagiado com a onda positiva que vinha do palco. Os sorrisos e a boa disposição faziam-me viajar até cenários do interior do nosso país ou até a culturas no norte da grã-bretanha, talvez por conta das gaitas de foles.

Pedro Monteiro/ Rui Santos
Destaque para a viola-baixo que marca e muito a sonoridade do grupo, que (pelo menos ao vivo) acresce uma grande força e balanço ao som do conjunto (e que em muitos momentos se colava por completo à percussão).

No final, a vontade de os ver novamente, mas noutro tipo de ambiente.

(fotos "emprestadas" pelo Myspace da banda)

"The Beaver" - Jodie Foster - 2011

"Esta é a história de Walter Black, um indivíduo irremediavelmente deprimido" - é assim que nos é apresentada a história de um homem que encontra uma insólita maneira de comunicar com o mundo - através de um castor-fantoche.

Este filme conta-nos de forma curiosamente divertida (não confundir divertida com "apalhaçada") a história de um homem cuja depressão e estado de alheamento afectam tudo à sua volta, desde o seu filho mais velho, que vê em si um caso perdido, ao seu outro filho, que não identifica a figura paternal, à sua esposa, que sente que perdeu o homem que amava.

No entanto, Walter é salvo pela parte de si que ainda quer viver e que quer criar laços com aqueles que, no fundo, ama. Essa parte é o castor, que assume o comando da sua vida, alcançando a harmonia familiar, bem como o sucesso profissional.

Mas o castor vem também mostrar a Walter que só o seu todo pode tomar o controlo da sua vida.

Não se trata de um filme memorável, mas é um excelente exercício sobre as dificuldades de comunicação que as pessoas encontram no seu dia-a-dia, nomeadamente junto das pessoas que as rodeiam no ambiente familiar. É também um exercício sobre o alheamento que surge na vida das pessoas e que cria distâncias difíceis de recuperar. Mas também trata da capacidade que todos temos dentro de nós de viver, porque esse é o nosso principal instinto.

Uma história bem contada que tem alguns momentos mais divertidos (apanhei uma sessão da meia-noite, estávamos 5 pessoas a assistir ao filme e apenas dois rimos de algumas cenas...) e que tem em Mel Gibson uma boa interpretação do seu personagem, conseguindo fazer coexistir as suas duas "vozes" de forma bastante credível.

O ponto mais forte, é a ausência de "pós-mágicos" para dar vida ao castor, sem lembrar nenhum clássico tipo Walt Disney, com Michael J. Fox a dar voz à marioneta.

No mínimo, interessante.


(fotografia - Google imagens/ trailer - Youtube)

"The X-Men - First Class"

Prequela da saga The X-Men
Sou, no mínimo, um grande curioso de adaptações de BD ao cinema, pelo que todos estes lançamentos me deixam curioso.

Sinto um enorme fascínio por este universo e fico cheio de expectativa e a avaliação prende-se sempre um pouco com o seguinte: o desenrolar da história, os personagens, a simulação do ambiente comics soa a ridículo ou é credível?

A questão é que a máquina de Hollywood está, a esta altura, mais que afinada no que toca a colocar personagens de BD no grande ecrã, sobretudo pelos meios digitais, que nos fazem acreditar em todo aquele universo.

No caso específico de "Primeira classe", e porque defendo que as primeiras adaptações foram muito bem conseguidas (inclusivamente pela boa escolha de actores - Patrick Stewart é o Prof. Xavier e também mais ninguém podia ser Wolvorine senão Hugh Jackman) estava com algum receio do que poderia ter sido feito nesta última versão. Porque sentia uma grande mudança na interpretação dos personagens, pelas imagens que tinha visto, estava um pouco apreensivo. Mesmo que as diferenças dos traços dos mesmos visassem contar a sua origem.

Mas fiquei surpreendido com o filme.

Talvez pela qualidade dos actores, ou mesmo porque o argumento é conseguido e bem explorado, depois de me sentar na cadeira do cinema, nunca mais me lembrei de fazer comparações entre "este" Prof. Xavier e o "outro".

Os personagens são muito convincentes e as dinâmicas são muito boas. E, louve-se, não há pressa em mostrar efeitos visuais de encher a vista.

Sobre o enquadramento histórico, trata-se de mais um aspecto positivo, conseguindo os argumentistas criar uma ligação com o "mundo real" bastante convicente e lembrando a Era Dourada dos Comic Books, que estavam bem mais relacionadas com a actualidade política do que nos anos seguintes, em que para Super-Heróis, surgiram Super-Vilões e aventuras inter-galácticas.

Depois existe a questão subjacente à narrativa X-Men - a segregação racial e o conflito que advém da mesma.

Apoiados em teorias políticas e sociais de então, Charles Xavier e Magneto fundamentam as suas visões da mesma situação: a diferença genética e os traços de raças diferentes. No mundo Marvel essa diferença é acentuada, mas corresponde aos conflitos raciais que se verificaram um pouco por todo o mundo, ao logo de décadas, mas sobretudo no mundo ocidental, com as gerações seguintes dos povos negros que a raça ariana escravizou e retirou da sua terra natal, África.

Assim, enquanto Charles Xavier defende a co-existência das raças, Magneto acredita que a sua raça, a mutante, é o passo seguinte da evolução genética e deve, assim, prevalecer em detrimento da humana.

Posições tão extremas geram um conflito dentro do conflito.

Por fim, e também para comentar o desempenho de Kevin Bacon como Sebastian Shaw, existe em todo o filme um ambiente James Blond, alimentado em parte pelo estilo de assassino frio e cheio de pinta de Fassbender, numa interpretação bastante criativa de Magneto, mas também pelo vilão desempenhado por Bacon - um bandido cercado de excentricidades, com um plano maligno mirabolante e com direito apresentação do mesmo (bem ao estilo vilão Bond).

O saldo final é muito positivo, embora talvez se tenha assim fechado a porta aos realizadores que pretendam desenvolver mais histórias dos X-Men, restando a possibilidade de pegar em alguns vilões fortes que existem no universo X-Men, como Sinistro, ou Apocalipse.

quarta-feira, julho 06, 2011

"A águia da Nona Legião"

"A águia da Nona Legião"
Visita aos cinemas da UCI na perspectiva de ver uma das últimas adaptações de BD ao cinema, mas a acabar por ver este título que, embora sem grande expectativa, parecia prometer entretenimento.

E a verdade é que, de espada em punho e sandálias calçadas, “A Águia da Nona Legião” é entretenimento vindo do Século II e conta uma interessante história de aventura.

Adaptado do romance clássico de Rosemary Sutcliff, o filme é realizado por Kevin Macdonald e, embora retrate o período do império romano, não deixa de apontar para outro império: o norte-americano.

Existe uma boa relação dos principais personagens, (Marcus Flavius Aquila e Esca) e é um bom retrato de época. Existem bonitos cenários e boas bonitas fotografias e não consegui deixar de ver em Channing Tatum um G.I. Joe de sandálias. A águia, que se perdeu e que representa as conquistas romanas, equipara-se à bandeira dos EUA.

De resto, para lá do estilo filme de época/género: aventura, destaque para o lado moralista da história. Conceitos como a amizade, a lealdade, a honra e o bem-comum (em detrimento dos interesses pessoais) são muito explorados numa sequência de acontecimentos que unem estes dois indivíduos.

Um filme agradável, mas que facilmente se perderá na memória de tantos outros.

terça-feira, julho 05, 2011

"Suck it and see", Arctic Monkeys

Ainda sem oportunidade de ouvir o álbum na íntegra, fica este apontamento.

Depois de a sonoridade dos "nossos" Arctic Monkeys ter endurecido no último álbum, a banda inglesa apaixona-se cada vez mais pelo stoner rock. De blusões de cabedal em cima (como têm sido vistos nalguns programas a promover o mais recente trabalho), o grupo parece ter-se transformado depois da sua estadia no deserto, nas "mãos" de Josh Homme (Queens Of The Stone Age).

À frescura juvenil (mesmo que com alguma acidez à mistura) que manifestaram nos temas que integraram os dois primeiros álbuns, surge agora uma certa aridez apenas reconhecível no vento seco do deserto e no som cheio de "gain" das suas guitarras.

The Pretty Reckless

Taylor Momsen era para mim, antes de mais, a rapariguinha da série de TV "Gossip Girl" que canta umas coisas.

E assim continuaria a ser para mim se eu nunca tivesse a curiosidade de agarrar (como faço tantas vezes) nas minhas revistas de música, sentar-me em frente ao youtube e reciclar os meus conhecimentos musicais.

The Pretty Reckless é a aventura musical da rapariga modelo/actriz/cantora/compositora e devo dizer que fiquei surpreendido pela positiva e espero que me recorde disto mesmo numa próxima vez que crie preconceitos sobre o trabalho dos outros.

Embora ainda tenha muito que conhecer sobre este projecto, consegui já captar a estética do projecto que se move numa pop visceral, que "rouba" imagens a outras tendências.

Courtney Love, Lady Gaga, todo o movimento Emo Core que, por exemplo, protagonizam (mais do que Preconizam) os Paramore, têm traços comuns que conseguimos reconhecer na rocker Taylor Momsen e em toda a sonoridade dos Pretty Reckless que nos oferecem peso e melodia em boas doses e temas que são radio friendly e que ficam no ouvido.

E o que mais me deixa satisfeito, é que de facto a rapariga canta e não é só pose e trabalho de estúdio. Ela é, de facto, uma boa cantora rock.

Em baixo, vídeos para conhecer um pouco melhor. Ao lado, uma foto da jovem norte-americana que foge muito ao estereótipo de menina bonita das revistas da moda.