quarta-feira, novembro 05, 2008

Um pequeno passo para o Homem...

Final da escadaria. A sombra do espaço fechado cerca a minha sombra até que esta desaparece. Vou caminhando, ritmo acelerado, para apanhar o comboio.
Escada rolante e eu navegante, em andamento, a pensar e… nada. O vazio do quotidiano a deambular por lugar nenhum.
Dentro do comboio, dentro do chão, na linha vermelha do Metro, calor e suor. As janelas só vêem o escuro e por isso os olhares cruzam-se, tímidos, à procura de um ponto discreto, sem significado, para olhar.
Alameda. Correria desenfreada para mudar de linha. Atropelos, cavalgadas escada acima. Deixos-os passar. Ignoro a pressa… – mentira. Também já fiz o mesmo, mas perdeu significado. Agora desvalorizo.
De novo o comboio. Linha verde. Rumo ao Campo Grande. Calor. Suor. Atrás, a mãe e o filho, que não se quer segurar e vai girando, numa dança que desafia as leis e o juízo.

Uma coisa de que gosto nos transportes públicos, é a riqueza de histórias e momentos, conversas, que registo com espírito jornalístico. Não porque faz falta ou serve o blog. Não. Faço-o pelo prazer de escrever estas histórias na minha cabeça. O blog é um veículo…. Mas dizia eu: os transportes públicos são um óptimo espaço para recolher apontamentos desta novela pitoresca, destes retratos do quotidiano – janela para momentos de que vive um contador de estórias.

De volta à mãe e ao filho, entre estações…
– “Mãe, o que quer dizer Um pequeno passo para o Homem, um grande passo para a Humanidade?” – pergunta o petiz.
– “Foi quando o Homem foi à lua. Quer dizer que uma coisa boa para o Homem, é boa para todos” – explicou a mãe.
– “E como é que é bom para todos o Homem ter ido à lua?” – atirou a criança… Claro que a progenitora não soube responder. Obviamente. Nem eu sei. A verdade é que a imagem de desenvolvimento surge-nos como a resposta para todos os problemas, quer seja sob a forma de um novo sistema de comunicação, quer seja sob o aparecimento de um novo planeta no sistema solar. Este desenvolvimento parece sempre a salvação da Humanidade. Provavelmente isto está muito próximo do que chamam cientivísmo. Esta crença na ciência.
Mas continuando na lua… Há esta questão da veracidade da viagem do Homem à lua. Os EUA terão, alegadamente (é da praxe…), colocado dois astronautas lá no satélite e isso é bastante impressionante. Sobretudo numa altura em que a Guerra Fria andava cada vez mais quente, com os serviços sercretos e agentes de espionagem a não ter mãos para tanto “serviço”. Na competição entre a ex-USSR e os Estados Unidos, pelo desenvolvimento ciêntífico e influência mundial, os Estados Undos demarcaram-se claramente com o, considerado, feito do século… Bom, é óbvio que não estou a recusar acreditar que a mais longa viagem já mais feita pelo Homem seja verdade, mas confesso que me suscita algumas reservas. Não tanto por aqueles aspectos técnicos, da bandeira e não sei quê não sei que mais. Não. O que mais me perturba é a perfeição do momento. Um homem, na lua, coloca a bandeira norte-americana, em directo e, num improviso duvidoso, afirma tratar-se de Um pequeno passo para o Homem, um grande passo para a Humanidade. A perfeição e orgulho patriótico, que mesmo os não-americanos sentiram, de certeza, fazem-me lembrar um daqueles filmes (de onde?...) em que os bons (esses que estão a pensar….) ganham sempre. Percebem?

It´s the good old American way!

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