sexta-feira, novembro 14, 2008

Movimento Perpétuo Associativo

Penso que a esta altura, já toda a gente ouviu falar dos Deolinda, projecto português de música de raízes tradicionais portuguesas, que tem gozado muito sucesso nas rádios portuguesas e que recentemente esgotou a sala do Coliseu de Lisboa. Os Deolinda, ou A Deolinda, como gostam de ser chamados, têm na simplicidade a sua génese, sem nunca deixar de focar aspectos importantes da sociedade.
Quem me chamou à atenção para este tema, e mais concretamente para a letra, foi a minha cara metade, que me fez notar como é descrito o espírito “tuga” nesta cantiga - deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. Convivem ao longo do texto duas vozes, numa dicotomia entre o fazer e o adiar.
Deixo a letra e recomendo que oiçam a música;

Movimento Perpétuo Associativo
Composição: Pedro da Silva Martins (Deolinda)




Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!

Agora não, que é hora do almoço...
Agora não, que é hora do jantar...
Agora não, que eu acho que não posso...
Amanhã vou trabalhar...

Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos vencer!

Agora não, que me dói a barriga...
Agora não, dizem que vai chover...
Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...

Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, é esta a direcção!

Agora não, que falta um impresso...
Agora não, que o meu pai não quer...
Agora não, que há engarrafamentos...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...

(O tema termina numa repetição em coro da última frase, repetido até à exaustão).

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