terça-feira, novembro 18, 2008

Concerto 10 anos Fnac, Pavilhão Atlântico (14-11-2008)

O espectáculo começou perto da hora marcada, passavam pouco mais de 20 minutos das 20h00. Foi o conhecido humorista Nuno Markl a abrir a noite com uma breve apresentação do que se ia passar e a introduzir a festa, sempre com a sua boa disposição (embora para ser franco, me pareceu estar a actuar em requisitos mínimos – ter sempre graça é impossível).
A noite era dedicada à música portuguesa e tinha vários motivos de interesse para mim.

A primeira banda a actuar foram os Peixe: avião, uma das apostas mais recentes da Fnac e da Antena 3 e que pratica um pop-rock cantado em português e inglês, com algumas nuances mais alternativas – a fusão com a electrónica é o que mais se destaca. Fazem lembrar, ainda que a espaços e com as devidas distâncias, uns Radiohead na sua vertente mais “distorcida”. A actuação não foi brilhante, porque para além de serem a primeira banda, o que os prejudicou, o Atlântico ainda estava a compor-se nessa altura e acabaram por sofrer também com o som de pouca qualidade de que dispuseram. A música que saía das colunas do pavilhão não era muito definida e tive muitas dificuldades em ouvir a voz, parecendo-me por vezes que o vocalista estava desfasado do resto da música (não sei se era desafinação ou se era mesmo uma questão de som). O facto de a maior parte das pessoas só conhecerem o álbum de estreia muito vagamente, também não os ajudou nada.

Depois de trocado o equipamento e montado o set da Rita RedShoes, foi a menina dos sapatos vermelhos que subiu ao palco para nos encantar com o seu universo Alice no País das Maravilhas, num tom consideravelmente diferente do que tínhamos acabado de assistir com a banda anterior. Para além de terem subido ao palco um par de canções mais introspectivas e delicadas, fiquei com a impressão que “agora” sim, naquele momento, tinha subido ao palco uma verdadeira artista. O salto qualitativo foi significativo, com a voz da Rita Redshoes a encher o palco de uma forma bastante mais consistente que os Peixe: Avião. Não só o som tinha melhorado, como efectivamente, Rita tem traços de algumas das melhores vozes femininas de sempre, e tem um bom espectáculo montado, quer em termos cénicos, quer performativos. Gostei bastante e fico com curiosidade para ouvir mais música com o selo Rita Redshoes. Espero que o álbum debutante “Golden Era” seja o primeiro de muitos.

Foi então que subiram ao palco os Deolinda, a grande revelação das rádios portuguesas de momento (ou pelo menos da Antena 3), que injectaram boa disposição aos espectadores que já iam manifestando algum “calor” e entusiasmo. Percorrendo alguns dos temas mais conhecidos do álbum de estreia (“Canção ao Lado”), a banda teve na vocalista, Ana Bacalhau, não só uma voz para cantar, como uma voz que juntou à componente musical um lado teatral que só fica bem ao conjunto – festivo e divertido. Atrás de mim alguém dizia “ganda maluca”, tal era a boa disposição.
E o publico queria, eles deram: “toda a gente fon fon fon” foi recebido de braços e peito aberto e percebeu-se que este fenómeno de raízes populares portuguesas recolhe simpatia junto dos portugueses. Resta saber até onde vai esta atenção…

A noite caminhava no sentido dos consagrados Clã e Xutos e Pontapés.

Há já muito que eu desejava ver os Clã ao vivo, porque ouvia maravilhas do colectivo da vocalista Manuela Azevedo, que entre os clássicos mais conhecidos, temas mais românticos e muito funk, exibem em palco uma postura muito rock. Grande Manuela Azevedo, grande banda, excelente espectáculo, grande componente cénica. Há ainda uma atitude de louvar: numa noite em que o publico estava estranhamente “morno”, os Clã partiram à conquista do Pavilhão Atlântico com claros apelos à participação de quem assistia na noite que se queria de festa.
De destacar também a “participação” de Paulo Furtado, sugerida pela máscara que Manuela Azevedo exibiu durante o tema “Tira a teima”, à imagem do que aconteceu na gravação do álbum em estúdio.

Por fim, lá subiram ao palco os Xutos, que geravam consenso: foram eles quem fizeram muita gente deslocar-se ao Parque das Nações e por esta altura já o Pavilhão Atlântico estava quase cheio – impressionante como o 2º balcão de repente encheu!
Já os vi tocar no Coliseu, portanto, já sei que são uma banda que funcionam muito bem ao vivo, e quase toda a gente gosta deles, reúnem grande simpatia em Portugal e isso viu-se e ouviu-se; a agitação era grande. Mas só fiquei para os primeiros quatro temas, porque ainda havia a viagem de volta a Mafra e já o relógio marcava a uma e tal da manhã.
No regresso, e em conversa, revelei o que me ia na alma depois de ver os Xutos outra vez e me fazia reflectir sobre a banda. Não consigo digerir muito bem o papel do Zé Pedro e do João Cabeleira na banda, porque o primeiro parece às vezes não estar a tocar – alguém se lembra de dizerem que o Sid Vicious (Sex Pistols) tocava com o baixo desligado nos concertos ao vivo?... – e o Cabeleira, se no início dos concertos me parece ter um som demoníaco de guitarra, torna-se insuportável ao fim de alguns temas, porque ele não pára de tocar, a música não respira e parece, a certas alturas, que está a tocar sozinho.

Em jeito de balanço: foi uma noite divertida, com boas prestações dos grupos que tocaram e há que dar os parabéns pela iniciativa – a cultura no nosso país, já se sabe, é cara, mas ainda há umas coisitas a que podemos assistir sem gastar muito dinheiro. Parabéns à Fnac, pelo décimo aniversário, e à música portuguesa, que passo a passo vai lançando projectos de interesse que não sejam só, com o devido respeito, o Rui Veloso e afins.
Por fim, salientar um aspecto fundamental para o sucesso da noite de concerto, que foi o DJ de serviço, cuja função era ocupar os períodos em que se trocavam os set com música e assim o fez – com muita qualidade, devo dizer. Assumiu até um protagonismo inesperado, com toda a gente a apreciar bastante a sua performance. Na última vez que o vi subir ao palco, antes dos Xutos, teve direito a uma grande ovação. Só lamento não ter percebido quem era, nem conseguir descobrir o seu nome na net. Farei diligências no sentido de o descobrir, em breve, espero.

1 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado pela referência. Ainda bem que gostaste do set! Vai passando em www.myspace.com/deejaykwan.

Abraço

Kwan