quinta-feira, fevereiro 05, 2009

O estranho caso de Benjamin Button - fui vê-lo ao cinema e recomendo

“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis!", disse Fernando Pessoa, num momento que só pode ser descrito como de lucidez.

O estranho caso de Benjamin Button é, quanto a mim, um dos filmes mais bonitos que vi nos últimos tempos. Porque tem uma história muito bonita, muito bem contada, porque é tudo retractado numa fotografia sem mácula, e porque não há incoerências – o filme não é demasiado longo, a caracterização é perfeita e os actores estão ao melhor nível. Estou a rebater as poucas críticas que ouvi e li.

A história, que já quase toda a gente deve conhecer em linhas gerais, fala sobre um indivíduo que nasce com 80 anos e atravessa um processo de rejuvescimento, ao contrário do normal envelhecimento.

Exercício teórico de inverção do tempo, da natureza.

Li algures que Mark Twain juntou-se aos que imortalizaram considerações sobre tempo e a idade com a frase “a vida seria infinitamente mais feliz se nascêssemos com 80 anos e nos aproximássemos gradualmente dos 18”.

Mas também li que E.F. Scott Fitzgerald, autor da obra que inspirou o filme, respondeu a estas ideias e desejos de inversão do tempo com esta obra, levando à conclusão que independentemente do sentido em que o nosso corpo se desenvolve o princípio e o fim estão lá de qualquer forma, no mesmo lugar – nascemos e morremos. Ou seja, continua a depender de cada um viver cada fase da sua vida, cada coisa no seu tempo, cada qual no seu lugar. Tudo continua a ter um tempo para ser vivido.

O resto do filme é o óbvio: é a questão do desencontro com o resto do mundo, já que à medida que Button rejuvesnece, todos os que o rodeiam vão envelhecendo, afastando-se da flor da vida (e quando é essa, afinal?), e claro, o romance entre os protagonistas, que acaba por servir de cenário a toda a trama.

“Eu nasci sob circunstâncias pouco usuais” é a frase que abre o filme. Eu uso-a para fechar o meu texto.

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