quinta-feira, julho 21, 2011

"The X-Men - First Class"

Prequela da saga The X-Men
Sou, no mínimo, um grande curioso de adaptações de BD ao cinema, pelo que todos estes lançamentos me deixam curioso.

Sinto um enorme fascínio por este universo e fico cheio de expectativa e a avaliação prende-se sempre um pouco com o seguinte: o desenrolar da história, os personagens, a simulação do ambiente comics soa a ridículo ou é credível?

A questão é que a máquina de Hollywood está, a esta altura, mais que afinada no que toca a colocar personagens de BD no grande ecrã, sobretudo pelos meios digitais, que nos fazem acreditar em todo aquele universo.

No caso específico de "Primeira classe", e porque defendo que as primeiras adaptações foram muito bem conseguidas (inclusivamente pela boa escolha de actores - Patrick Stewart é o Prof. Xavier e também mais ninguém podia ser Wolvorine senão Hugh Jackman) estava com algum receio do que poderia ter sido feito nesta última versão. Porque sentia uma grande mudança na interpretação dos personagens, pelas imagens que tinha visto, estava um pouco apreensivo. Mesmo que as diferenças dos traços dos mesmos visassem contar a sua origem.

Mas fiquei surpreendido com o filme.

Talvez pela qualidade dos actores, ou mesmo porque o argumento é conseguido e bem explorado, depois de me sentar na cadeira do cinema, nunca mais me lembrei de fazer comparações entre "este" Prof. Xavier e o "outro".

Os personagens são muito convincentes e as dinâmicas são muito boas. E, louve-se, não há pressa em mostrar efeitos visuais de encher a vista.

Sobre o enquadramento histórico, trata-se de mais um aspecto positivo, conseguindo os argumentistas criar uma ligação com o "mundo real" bastante convicente e lembrando a Era Dourada dos Comic Books, que estavam bem mais relacionadas com a actualidade política do que nos anos seguintes, em que para Super-Heróis, surgiram Super-Vilões e aventuras inter-galácticas.

Depois existe a questão subjacente à narrativa X-Men - a segregação racial e o conflito que advém da mesma.

Apoiados em teorias políticas e sociais de então, Charles Xavier e Magneto fundamentam as suas visões da mesma situação: a diferença genética e os traços de raças diferentes. No mundo Marvel essa diferença é acentuada, mas corresponde aos conflitos raciais que se verificaram um pouco por todo o mundo, ao logo de décadas, mas sobretudo no mundo ocidental, com as gerações seguintes dos povos negros que a raça ariana escravizou e retirou da sua terra natal, África.

Assim, enquanto Charles Xavier defende a co-existência das raças, Magneto acredita que a sua raça, a mutante, é o passo seguinte da evolução genética e deve, assim, prevalecer em detrimento da humana.

Posições tão extremas geram um conflito dentro do conflito.

Por fim, e também para comentar o desempenho de Kevin Bacon como Sebastian Shaw, existe em todo o filme um ambiente James Blond, alimentado em parte pelo estilo de assassino frio e cheio de pinta de Fassbender, numa interpretação bastante criativa de Magneto, mas também pelo vilão desempenhado por Bacon - um bandido cercado de excentricidades, com um plano maligno mirabolante e com direito apresentação do mesmo (bem ao estilo vilão Bond).

O saldo final é muito positivo, embora talvez se tenha assim fechado a porta aos realizadores que pretendam desenvolver mais histórias dos X-Men, restando a possibilidade de pegar em alguns vilões fortes que existem no universo X-Men, como Sinistro, ou Apocalipse.

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