terça-feira, agosto 02, 2011

“Não deixes os dias passar”

  (recomenda-se a audição deste tema para acompanhar a leitura)

Procuro o grito ao fundo do túnel – ouvi dizer que toda a gente anda à procura do brilho ou da luz, mas aparentemente ninguém ouve esse flash, feito esperança.

Visão exterior da crise, ou das crises, económicas, psicóticas. Todos fazemos parágrafos e mudamos de linha, talvez para fugir dos comboios que percorrem os túneis onde procuramos sentidos que nos encaminhem para lugares onde o ar é respirável.

Nem sempre se tratam de dramas.

Às vezes existe apenas a necessidade de sítios e coisas melhores.

Façamos da ambição a antítese da restrição, sinal de pequenez e conformismo.
Vamos desdramatizar? Cá vai: ambicionar o melhor, apenas colocando um sorriso no rosto para mostrar ao mundo a nossa disponibilidade. O exercício pode parecer exigente, mas ainda há pouco parecia que a ambição era um sentimento desmedido e afinal tudo começa com um sorriso.

Talvez a fórmula seja não deixar os dias passar. O nossos pés não andam no futuro e no passado ficam apenas as pegadas, pelo que vale a pena olhar para o rosto do banco ao lado do nosso, no metro, sem medo, só para ver quem lá está.

Reconheço as dificuldades de sairmos das nossas próprias fronteiras, mas aqueles que o fizeram atreveram-se/arriscaram ser felizes.

Ninguém quer descer da sua nuvem - sonhos e fantasias, existências projectadas em ecrãs plasma, superfícies que sugam o plasma que nos corre e escorre, para dar vida e local, a um plasma que colocámos ao centro da sala.

Rajadas de pensamentos projectadas por bocas que fazem opiniões e nos dizem que existem correntes de pensamento, que existem formas certas ou erradas de pensar.

O visor portátil passa um vídeo e discute-se qual tem melhor imagem e quantidade de vídeos, mas ninguém processa o que é dito ou refaz realidades com princípios e factos, pequenos apontamentos que cada vez nascem em mais sítios.

Por último: ainda há esperança para a tribo, se  de entre as coisas novas não se perder o exercício mais antigo que nos levou até hoje: pensar - sem nos trazer, pois o destino traz e o acaso leva-nos.

2 comentários:

Francisco Lanca animation disse...

Os dias passam, quanto a isso não há nada a fazer, fogem, às vezes. E o modo de estar neles em pleno é, digo de cima do meu metro e meio, libertando-nos do tempo. Usufruir esta vida cheia de dor, através do belo. A luz ao fundo? Basta olhar pela janela na direcção do mar, o poente de um final de tarde de Agosto. Tudo é etéreo, indefinido a esta hora, neste lugar. Daqui a pouco? Não sei.
Seguindo as palavras do sr. Peter Gabriel "Sou dono dos meus medos". Daqui a pouco? Não sei.

Imaginário disse...

Há uma máxima muito boa do teatro que diz Que o que interessa não é o produto final - o que importa é o processo.