terça-feira, março 13, 2007

Recupero aqui um texto já antigo - mais desatinos e uma consideração final

Um dia vazio de medos e cheio de convicções: sonho que vivo por instantes. Sentar e pensar que tudo funciona.
Um beijo incompleto, interrompido por uma vida arruinada, por uma vida que nunca o foi e por uma vida que será: coito interrompido.
"Deus deu-me para depois tirar", gritei inconformado.
A outra, a que tem nome de flor, falou de coisas que me encheram de desejo, beijos húmidos naquela pele morena. Senti-a perto de mim e fechei os olhos com os seus seios encostados no meu peito.
...
Transpiro frustações na sala dos corpos moldados e caminho para uma vida nova, numa passadeira de verdades inconsequentes - saio e o chão não pára de andar, levando-me sempre naquela direcção.
Mas gritam-me lá de baixo verdades que não são as minhas e acumulo rancores daqueles que amo. Porquê? Porquê importar-me com a negação do meu querer, que é legítimo, que é feito de lutas e conquistas? Porque não é aceitável na clarividência de alguém que tomou outro caminho? Dane-se!
Ja o ventre, esse sorri-me, talvez como um aliado momentâneo, que me vê na perspectiva de uma pátria distante, de um tempo de outras guerras. Amo o ventre, mas amo a liberdade que aprendi num espaço sem angústias de daí a um minuto, daí a uma hora, daí por um dia, dias, semanas, meses, anos, muitos anos, uma eternidade.
Receio menos, mas revolto-me mais, com ganas de cuspir no chão.

P.S: como um teenager revoltado e cheio de dúvidas pode fazer sentido, num sentido poético; sentido, por dores de parto de uma idade adulta, usa palavras e expressões maduras, para, numa mentalidade infantil, simular um adulto.

0 comentários: