terça-feira, fevereiro 27, 2007

Auto-flagelação lírica

Mais uma página do louco. Mais uma página, estava rouco; não tinha espaço, não há traço, mas esgravato mais umas linhas neste papel branco que ninguém lê senão eu - estarás tu a ler, mas desta tela de luz, onde penso e divago numa segunda vaga.
Volto a deleitar-me com palavras duras, laminadas, que doem que ferem, que atiro contra a parede para as ouvir partir, estilhaçar - escrevo palavras à procura das arestas, como cabeçadas na parede, como socos num estomâgo desprotegido. É como um jogo de choque e de espanto: discurso agressivo, nojento, árido, absolutamente, estoicamente, mente, mente, mente-me, mente à minha mente.
Roubem-me o passado e empurrem-me no vazio, criem um paradigma do absoluto, do branco vazio, do colapso mental de imemória, de inglória - um passado inexistente, memória fria ou quente. Um precipício, um pé na berma, na queda, na merda, naquele tubo que te parte os dentes à pancada, à cacetada, do medo da dentada, enquanto pendes no muro, agarrado à rede... memórias, histórias. Tudo merdinhas que fazem de nós qualquer coisa pronta a mudar, pronta a vestir, pronto a comer, comer.

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