segunda-feira, setembro 13, 2010

O alucinante ritmo dos sonhos embalados

"Mesmer, Pt. 2", Porcupine Tree. A música que envolve estas palavras que sonhei:



Viajo. Mais uma viagem a bordo de qualquer coisa. Empurrei-te pela boca e deixei-me levar por todo o lado, nesta estranha viagem louca...

Caminho. Ando sem parar. Ninguém na rua.

Transpiro de loucura e desejo de evasão, desejo esse quase atingido em forma de cápsula de loucura embalada. Sorrio.

Escrevo pelas paredes da rua "Minha grande besta", como que a deixar uma marca de desafio a um destino, a um deus, a uma merda dessas.

"E o profundo desatino?!", grito bem fundo dentro de mim... arrepio-me, não sei se o meu corpo já assimilou a química suavidade de uma embalagem de sonhos - quero pensar que não, mas não sei, não dou por nada. Afundo-me numa vertigem de sonho, pesadelo, sonho, pesadelo, sonho...

Fumo um cigarro e outro e outro e outro, porque me ajuda a pensar nas coisas que se confundem na minha memória e na minha mente. Continuo a andar e acho que esta banda-sonora feita embalagem de uma suavidade e secura na boca, efeitos secundários, dizem, me diz coisas novas.

De repente, paro!... oiço o som do nada à minha volta - o universo que gira em torno de mim. Sabes onde estás? Na minha vida, que é onde existes para mim. Uma sombra projectada. És uma imagem.

E quem és tu? Tu és eu? Ou eu sou tu?

Continuo a caminhar.

A química que percorre o meu corpo diz-me que o movimento mais perfeito que alguma vez farei com o meu corpo é o natural sincronismo de respirar. Sorrio. Gosto de ver os meus pés, debaixo do meu nariz, a um ritmo maquinal, a adiantarem-se um ao outro, como se de uma corrida se tratasse.

Chego à porta de casa. Sento-me nas escadas, não me lembro bem porquê, mas possivelmente por querer fumar mais um cigarro antes de entrar. Lembro-me, ainda assim, de confundir-me com a necessidade de assimilar mais qualquer coisa em forma de absurdo. Pensei na minha morte e deitei mais combustível neste incêndio feito de sonhos misturados com pesadelos, esta viagem num tapete voador sem asas e esqueci tudo.

O resto só o sei contado pela minha sombra e pelo meu reflexo no espelho - a forma bruta como pintei as paredes do meu quarto de vermelho, a forma crua como parti tudo à minha volta.

No dia seguinte, acordei angustiado. A viagem deixou-me baralhado e cansado. Mas como todas mostrou-me sítios novos.

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