Garante-me o meu sobrinho, que tem cinco anos, que esta
é a música preferida dele. Esta e “a dos Cowboys”.
O comentário é ingénuo, mas a relação que se cria com a
música é, do meu ponto de vista, tão ingénua quanto isto. Podemos apreciar a
música de várias formas, quer procuremos originalidade, criatividade, ou
cacetada com fartura. Mas a afinidade que se cria com uma música ou uma banda
parte muito da relação sentimental/hormonal que a mesma suscita.
E é tão fácil criar afinidade com estes Gogol Bordello. São rock, são populares, são étnicos. Agora que a cultura dos Balcãs se tornou (há já uns anos - obrigado Kusturika) um fenómeno de popularidade, é fácil gostar da banda que diz practicar “Punk Cigano”, uma designação que poderá até englobar uma parte daquilo que faz (que é muitas vezes popularucho, e leia-se sem sentido pejurativo), mas não descreve a totalidade do trabalho e obra da banda.
Quem já teve oportunidade de descobrir a discografia da banda vai descobrir muita guitarrada, mas também alguma influência de grupos mais ecléticos que pegaram na electrónica para dar vida à musica tradicional dos mais variados pontos do mundo, ou aquilo a que se convencionou designar “World Music”.
Depois, temos nesta banda um aspecto fundamental, que é a boa disposição. Suponho que suspiram por eles na latada de Coimbra, como se fosse a banda talhada para animar a massa estudantil e como era seria interessante juntá-los aos “nossos” Homens da Luta!
A sua movimentação em palco contribui para uma animação permanente e assistir a um concerto de duas horas deve ser o equivalente a uma maratona.
Musicalmente, para lá do óbvio Eugene Hutz, o
vocalista/animador (que tem um sotaque inglês péssimo, mas a banda sem ele, não
seria a mesma banda), temos uma óptima dupla violino/acordeão e uma secção
rítmica que cria um óptimo rendilhado que nos põe a bater o pé e a abanar a
anca (gosto imenso do baixista que apenas num ou dois momentos se permite um virtuosismo ainda assim
discreto) e a voz de apoio de todos, mas principalmete da menina de ar oriental,
ajudam a criar uma massa sonora onde podemos, se procurando atentamente,
encontrar todos os instrumentos reproduzidos em palco.