domingo, setembro 18, 2011

The Zutons - Valerie - Live Jools Holland


Primeiro: este tema deve hoje ser muito mais conhecido por ter sido interpretado pela falecida Amy Winehouse.

Segundo: recordo de, em miúdo, reparar que muitas bandas Pop tinham saxofones e que “acabaram” com isso.

Terceiro: Isto é do “mais” boa onda que há.

Recordo também de me ter chegado às mãos um álbum do grupo há uns anos atrás e ter ouvido mais umas vezes o álbum depois de ouvir a versão de Amy Winehouse e de, inclusivamente, ouvir um ex-colega de trabalho, dos meus tempos a trabalhar numa operadora móvel nacional, dizer fascinado que tinha descoberto a versão original do tema.

E ainda me lembro de há uns meses atrás ouvir esse mesmo álbum com um amigo e discutir assuntos essenciais e urgentes como artes marciais, desenhos animados e música de forma geral.


São muitas recordações, é caso para dizer.


Depois de ler algumas coisas sobre a banda (cuja média de idades é curiosamente baixa), decidi colocar de lado todas as catalogações que tive oportunidade de ver serem usadas para descrever o som da banda e denominar o seu estilo de “Rock Bonzinho”. No entanto, é importante informar o leitor incauto que na verdade não se trata de uma banda daquelas “sem sal” e que há aqui muita coisa boa, nomeadamente o baixo, que enche o tema todo de energia positiva e um saxofone que dá um bonito colorido ao tema sem querer se sobrepor a nada – como aliás acontece a todos os grandes temas, em que os instrumentos não são intrusos, por assim dizer.

Para terminar, devo admitir que me senti impelido a colocar neste "post" fotos do meu elemento preferido da banda, a menina Abi Harding, a saxofonista da banda. Acrescento ainda um vídeo onde a mesma responde a algumas perguntas interessantes e outras sem interesse nenhum, porque com aquele rosto e aquele delicioso sotaque, até podia estar a ler as contra-indicações de um medicamento qualquer que adoraria na mesma ver/ouvir.



 


(Fotos "emprestadas" pelo Google Images)

domingo, setembro 11, 2011

Sia - "Buttons" - Later With Jools Holland



Nesta série de textos sobre actuações no programa Jools Holand tive já oportunidade de referir algumas bandas/artistas que já conhecia, melhor ou pior, ou cujo nome tinha já visto referido nalgum lado.

Neste caso, a actuação é de uma artista australiana cujo nome desconhecia, embora desconfie que já me falaram sobre a mesma numa noite destas, já aqui há tempos.

Claro que, não conhecendo, é preciso ir saber quem é – e não é que me andava a escapar uma artista com grande actividade artística? E que por acaso a cantora já participou em álbuns de um grupo de que gosto bastante, os Zero 7? E que já fui muito feliz ao som do álbum estreia desse mesmo grupo e que esta menina canta temas como “Destiny”, um dos melhores desse primeiro trabalho?

No entanto, Sia Furler, nome de baptismo da vocalista, tem também já algum trabalho editado a solo (três álbuns e alguns singles) e assina aqui um tema bastante diferente do trabalho que desenvolvia com os Zero 7.

A solo apresenta uma estética mais descontraída e muito mais próxima de uma pop primaveril, mas que se destaca das demais propostas do género. Pelo registo, sobretudo.

No caso deste vídeo e deste tema, que se aproxima do universo infantil, Sia parece mostrar aos adultos como se vive num mundo longe do cinzentismo do dia-à-dia, alusões ao fluorescente usado na apresentação à parte.

E se a estética é leve e descontraída o tema é uma forma descontraída de dizer “eu sou assim”, “I’m seeing ghosts in everything”, “I am no good for you”, “Get away from me lover, away from me lover”. Porque o tema também nos diz “Can’t you see that I am losing my marbles”, mas que na verdade “It’s marvellous losing another, losing another”.

Assumidamente bissexual, Sia pode cantar-nos aqui o caminho para o alívio da existência como penitência, castigo de nascer e caminhar para morrer.  E não me estou a referir à bissexualidade. Antes a qualquer coisa como uma nota dos pais que é entregue à professora a libertar-nos de mais um dia de aulas. Como se nos quisesse ofuscar com as cores garridas (aqui sim, alusão ao fluorescente), cegar-nos e fazer-nos ver novamente - destruir para construir.

Em termos musicais, é preciso acrescentar um dado: Sia Furler é compositora e tem escrito para algumas das divas da pop, como é o caso de Beyoncé ou Christina Aguilera. Uma experiente escritora de canções, Sia compôs este “Buttons”, um tema que é marcado por um baixo cheio e bem gordo, coladinho a uma bateria simples (não confundir com básica; grande trabalho de prato-tarola). E a urgência com que Sia canta o tema  não revela um ataque vocal agressivo, mas revela uma grande intensidade (imaginem cantar o tema e os vossos pulmões espremerem-se com um balão que perde ar).

E depois há vários elementos que compõem o quadro de uma forma genial, mas absolutamente discreta, e que se não estivessem lá, seriam notados pela sua ausência.

Se o fraseado que parece ser tocado por um sintetizador (mas que vi numa outra versão ao vivo ser tocado pelo violoncelo que está também nesta actuação em palco e não identifico em mais nenhum espaço da música) se destaca muito, existe um toque  delicioso de uma coro de voz que parece passar ao lado dos nossos ouvidos, mas que torna a frase “Walk away from me lover” ainda mais cristalina.


É um tema simples, mas pela sua estrutura, pela forma como nasce de um movimento constante, como se torna mais intenso no refrão, para voltar ao movimento constante e do último refrão se lançar à estratofera, podemos dizer que o tema, depois tudo o que se ouve, termina num grande [substituir clímax pela palavra que mais lhe agradar].

sexta-feira, setembro 09, 2011

Vintage Trouble - Blues Hand Me Down - Jools Holland Later


Eles são "Vintage" e são um "Trouble" (problema), porque é difícil largá-los.
Teatrais, rockeiros e muito, muito animados, também conhecidos por VT, os Vintage Trouble são mais uma banda nascida a partir do revivalismo que o rock atravessa.
Imaginem um James Brown moderno, menos funk, com uma enorme queda para o rock e uma natural tendência para a diversão - são assim os Vintage Trouble.
Secção rítmica "gingona", guitarra "pintas" (bem rock) e um vocalista que parece ligado à corrente. E que contagia quem os ouve, porque é difícil não se deixar levar pela atitude positiva do grupo que tem uma ainda curta carreira (a sua fundação data de 2010) e que conta apenas um álbum original editado (que pretendo ouvir).
Vale a pena procurar mais música da banda e vale a pena ouvir bem alto, em doses diárias, antes e depois das refeições.


terça-feira, setembro 06, 2011

Adele - "Rolling in The Deep" - Later with Jools Holland


“We could have had it all” canta Adele a plenos pulmões, quem sabe palavras dedicadas a outra cantora que soube gerir menos bem a exposição mediática que esta tendência para as cantoras de pop com laivos jazz teve.



A canção não é de agora, por isso não estará relacionado, mas é a minha forma de fazer a ponte e ir a bem antes disso – Diana Krall, Norah Jones (mais pop que a pianista/cantora loira), Joss Stone... bonitas, discretas, boas compositoras e intérpretes, casos de sucesso numa fórmula de pop misturada com traços do jazz cantado por vozes femininas, como Billie Holliday ou Nathalie Cole.

Associado a este sucesso, surge Amy Winehouse, mas a um nível diferente. As editoras procuram sempre réplicas de sucesso comercial e Amy fez parte de um natural processo de oferta e procura que rege os mercados, estejamos a falar de música ou latas de atum (e que bom é comparar arte a latas de atum).

Mas Adele é tudo menos peixe enlatado. Adele é pescado fresco e a sua frescura provém da sua voz, que canta a plenos pulmões um refrão repetido à exaustão (como qualquer boa canção pop...), mas que nos faz querer gritar também e nos põe a pensar em tudo o que nos envolvemos e não cumprimos, tudo o que ficou para trás, bem ou mal terminado.

É um tema simples, mas que vive muito de uma dinâmica muito marcada pelo “riff” de guitarra inicial e que vai acompanhando o tema, mas ganha a dimensão que é fácil reconhecer com a voz potente de Adele, possívelmente a voz que Deus escolheria para comunicar boas ou más novas à humanidade num belo domingo de manhã, antes da missa.

É fácil gostar de Adele, é fácil gostar do tema. Difícil é acompanhar a voz da inglesa nos refrões todos do início ao final da música – acreditem, já tentei.

The Strokes - "Heart In A Cage" - Live Jools Holland


Este é um dos meus temas preferidos desta banda e um dos meus temas preferidos de sempre.

Esta música faz-me querer mexer e cantar todos os instrumentos, bater as mãos como se o baterista fosse eu, faz-me querer cantar as palavras que sem dizerem muita coisa dizem(-me) muito, faz-me querer cantarolar as guitarras e dança-las e, muito honestamente, o baixo faz-me cócegas no estômago.

É verdade que dizem que o último álbum da banda teve parto difícil, mas estes tipos já nos deram muito com que nos entreter e há músicas que andarão nos leitores de mp3 de muito boa gente por muito, muito tempo.
E justifica-se.

Sobretudo porque os músicos da banda parecem levar-se muito a sério na sua postura de não se quererem levar muito a sério...o conceito é ambíguo, mas a espaços faz todo o sentido. Ou não se tivesse já passado uma década desde que os rapazes colocaram a questão “Is this it?”, onde outros teriam afirmado “This is it”, falhando nesta forma descontraída de rockar sem rockar, fazer pop que não é pop e sendo um ícone da música, sem serem os novos U2 ou sonharem encher Wembley.
The Strokes – os esquizofrénicos mais simpáticos de sempre.

segunda-feira, setembro 05, 2011

White Lies - "Unfinished Business" - live on Jools Holland


Não que alguma vez tenha pensado numa cor a atribuir às mentiras, mas branco nunca seria a minha opção - estes são os White Lies, banda cujo nome conheço apenas de referências em publicações nacionais e nas rádios portuguesas.

No entanto, em termos de sonoridade não fazia (e continuo a não fazer, na verdade) ideia de qual a sua direcção musical.



Ouvindo este tema e a sua interpretação,  estamos perante aquilo a que amiúde se identifica como o rock anos 2000, muito inclinado para o indie rock, cuja designação se prendia inicialmente com a sua “ind(i)e(pendência)”, que tenha estado talvez relacionado com a vertente mais alternativa, mas que nos dias de hoje não significa independência nem sonoridade alternativa – antes com uma estética muito própria, que consegue conjugar vários aspectos diferentes numa só banda, um caldeirão de influências que vão do revivalismo à exploração das novas orientações artísticas. Confusos? Imaginem artistas influenciados por todas as últimas bandas icónicas dos últimos 30 a 40 anos e dêem-lhes uma estética cool de baixa lisboeta = indie rock anos 2000.

O comentário pode soar vagamente preconceituoso, mas na verdade parece-me que esta vertente artística veio baralhar o jogo e os jogadores de uma forma muito positiva, trazendo as sonoridades alternativas para junto da pop, o rock para junto da folk, a electrónica para junto dos instrumentos acústicos e criou-se uma panóplia de possibilidades e novas oportunidades de todos sermos quem quisermos neste mundo louco. 

Nunca a expressão artística foi tão livre e rica, mesmo que se refira os loucos anos 60, o rock sinfónico, o psicadelismo rock ou David Bowie perdido em Berlim.

Não necessariamente por vivermos na era da comunicação ou do livre acesso à informação e todas as facilidades que conhecemos, mas porque nunca houve tanta variedade de estilos e cruzamentos nas mais felizes ou infelizes somas e resultados...mas e se os White Lies e este tema são bons? Se gosto? Gosto do baixo seco e da bateria anos 80 (mas desligada da corrente), da voz que faz ecoar palavras de ordem saídas de uma britpop avariada (The Cure?), o sintetizador evangelizante e uma guitarra indie que remata este som, que não fazendo dele canção da minha vida, me acrescenta qualquer coisa que não tinha antes de o pôr a tocar.

"Later with Jools Holland"


Muito recentemente dei de caras com alguns vídeos de um programa televisivo – “Later with Jools Holland”.

Confesso que ignorava por completo a existência do programa em questão e tenho-o referido muitas vezes em conversa e lá me vão dizendo que já conheciam e que foi exibido entre nós há uns anos na RTP2.
Na verdade ainda não consegui desenvolver muito interesse pelo programa propriamente dito, mas as actuações que ocupam lugar no mesmo  têm-me deixado entusiasmadíssimo. E mais acrescento que ver bandas como Muse, Metallica, Björk, Sonic Youth ou Radiohead juntos no mesmo programa, palco ao lado de palco, me deixa completamente excitado.

Assim, acabei a recolher, com o já habitual espírito coleccionista, um sem número de participações de artistas, uns mais interessantes que outros, alguns que já conhecia, muitas novidades e muitos artistas que andavam já entre “nós” [tugas] sem que me apercebesse dos mesmos.
Agora, pretendo dedicar  alguns posts às mesmas actuações, escolhidas essencialmente com base no meu gosto pessoal, mas também como potenciador de novos interesses nos leitores, novas direcções, mais alternativas no sempre fantástico mundo da arte musical.

“New moon rising”, Wolfmother



O primeiro destaque vai para esta interpretação dos Wolfmother de um tema original dos próprios, banda cujo nome já conheço há algum tempo, mas que confesso não ter ainda descoberto. Para além de boas críticas nas publicações nacionais do costume, alguns comentários de pessoas próximas ou menos próximas que apontavam sempre para a sua onda revivalista, o recuperar de um rock “setentista” que parecia já não ter volta.

Olhando para este vídeo e esta interpretação, vemos uma banda que nos presenteia com um rock sujo e musculado, sem pruridos. E isto tudo em 2009, primeira década dos rock anos 2000, que à partida deve/deverá mais ao indie rock do que as bandas descendentes dos Zepellin em modo “Dave Grohl na bateria” (e sim, eu sei que aquele não é o ex-baterista dos Nirvana, actualmente conhecido como “o tipo mais porreiro do rock”).

Quando se aponta os The Strokes como salvadores do rock e das guitarras rock (sobretudo isso), vemos bandas como esta por o volume no máximo e sacar riffs como se o grunge nunca tivesse saído de Seattle.

É caso para dizer a todos os rockeiros que por aí andam, “I see the new moon rising”.