domingo, julho 18, 2010

O último grande anúncio que vi na TV

quinta-feira, julho 15, 2010

Alegres poesia e pintelhices - uma palavra linda do léxico português

Alfinetes e bicos , arestas agudas que picam. São dores de cabeça que correm no mesmo sítio que as designam - na minha cabeça. Não vomito, fico absorto num final de dia estúpido onde a única coisa que não correu bem fui eu.

Cerebro demoníaco que não se satisfaz com nada, que se desmancha e reinventa e cria e imagina e que se parte todo. Rebenta com isso, quebra, parte, desmancha, rapa isso e ignora, ignora tudo, ignora que aqui andas. Mas que grande merda, apetece-me dizer. Porquê? Eu sei lá porquê... Estou para aqui com azias e aflições e vou construindo um bom futuro... feliz com isso, como nunca estive.

Se calhar apanho aquela ideia da figura mais presente na minha vida como voz de uma consciência que visito naqueles dias da semana em que fica combinado - e ela ouve-me e disse-me uma vez que hei de descobrir tudo sozinho porque ali oiço-me. Eu sei, eu sei isso tudo, mas agora gostava que ela fosse capaz de me passar uma receita para qualquer coisa que me fizesse bem. Conclusão: diz que já caminhei muito desde o início e que sem pensar, estou a milhas daquele primeiro encontro, feito sessão de esclarecimento sobre uma mente muito confusa, inundada de drogas e substâncias que me trariam a felicidade. Tudo no lixo, foi o que lhes disse um dia. E a merda das dores de cabeça consumiam-me, na minha solidão perdida. Mas ultrapassei.

Até me rio desse período e sorrio com o que conquistei, à custa de teimosia, perseverança e tenacidade, se se quiser ver uma virtude. Teimoso e muito responsável, muito preocupado em fazer tudo bem - oiço isto, sinto que vou conquistando o meu espaço e caminho para um bom futuro. Sinto-me muito confiante. Encontrei um sítio onde pertenço, já expliquei - lá está, o primeiro grande tema daquelas sessões que vou referindo. Ausência do sentimento de pertença. Deixou de ser questão.

Mas falta-me alguma coisa. Um pedaço. Grande preenchimento de áreas nevrálgicas e um certo vazio que se vai manifestando a espaços, como uma pequena dor que vai latejando.

Já tenho a garrafa à minha frente e encho o meu copo de lamurias, na esperança de depois o encher de tristeza e ao terceiro ou quarto copo já o encher com um sorriso e ao quinto ou sexto o encher de alegria - mesmo que tudo não passe de uma alegre ilusão.

Não procuro respostas sequer. A patetice é tanta que me limito a despejar neste espaço que já nem sei para o que serve alguns apontamentos em formato elíptico ou críptico, hermético, ou se calhar mais para o fonético, que vou deixando passear diante dos olhos ou nos lábios, ou na boca, ou garganta... no fundo este calor que sorvo até sorrir sozinho, apenas porque sim, porque estou a desfrutar da minha companhia.

Primeiro brinde: acordei e acordo para lutar todos os dias naquele sítio óptimo. Viva!

Primeiro copo volvido, ignoro se continuarei a fazer sentido. Ainda aqui estou. Veremos.

Sinto que a partir do segundo será sempre a descer. Como tal, encerro esta descrição, não sem antes fazer uma última divagação, que tanto prazer me dá.

Garfo: uma palavra que me ocorre como se viesse num encadeado de ideias idiotas que não servem para nada. Fixo-me numa palavra banal para ser livre e descontinuado e desportivo e desmanchado e desleixado e despeitado. Brinco e brinco e brinco.... não chego a lado nenhum.

É o que eu tenho. É isto. É esta porcaria, é esta facilidade é esta forma de me expressar que alguns nem percebem outros vêem muita qualidade, outros nada, outros nada, outros tudo! Aqui está, aqui me deixo, aqui escrevo, essa coisa inata que carrego como se fosse uma necessidade reprimida, um acto descontinuado em permanente continuidade, uma oportunidade única de deixar de pensar - um teclado e um copo, um teclado e o vazio cheio de coisas confusas. Vivo uma vida que esconde esta parte, a escrita, esta coisa que lanço no vazio, que atiro para aqui já nem sei porquê. Porque é meu? É isso? Sei lá. Na maior parte das vezes nem meu é, que nem sei o que digo o que escrevo. Limito-me a deixar os dedos baterem nas teclas, à velocidade de pensamentos parvos - diria absurdos, se soubesse um pouco mais da nossa língua. Azedume. É para isso que a escrita me serve. Para purgar azedume. Para ninguém e para nada. Só para libertar azedume. Uma merda. Enfim.

Também o que eu queria era despejar e não sair daqui... terminemos a garrafa e o melhor é ir dormir.